Raizonline - Jornal - Radio - Portal

A Santa e a Leitoa - Crónica / Causo de Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS

 

A Santa e a Leitoa - Crónica / Causo de  Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
 
Prequeté, prequeté, prequeté!. E a charrete subia a rua principal.

Na boléia, mascando um pedaço de bom fumo goiano, ia o Souza, legítimo africano de quatro costados. Pouco abaixo de seus pés, entre as rodas murchas do pneu careca e à sombra, ia o Viajante; um querido e legítimo canino puro-sangue tomba - latas. Vez ou outra alguém gritava para ele: - dia Souza!, ao que ele apenas murmurava um «dia» de muito mau grado.
 
O Souza trazia na parte traseira da charrete, enrolada dentro de um saco de aniagem, a Neguinha; uma leitoa que foi criada dentro de casa, junto com os gatos e os cachorros da casa do Souza. Pois é, a pobre da Neguinha estava indo para o sacrifício, ou seja estava sendo doada pelo Souza ao Padre Tito, vigário de Passa - Tempo, sendo a pobre uma das prendas que seriam rifadas na quermesse. Três quartos de hora depois, e novo prequeté, prequeté, prequeté... .
 
Na boléia o Souza, olhos cheios de lágrimas a responder: «dia»', entre uma cusparada e outra , e entre um esfregar de olhos e outro. O Souza estava chorando!.

Todos em Passa - Tempo gostavam do Souza, e ao vê-lo chorando, perguntavam-se: o que teria acontecido?. Parou a charrete na venda dos Signorini, e depois de meia garrafa da branquinha, contou para a platéia formada de compadres e o vendeiro, a razão do choro. Foi o seguinte o que contou o Souza:

- «...é que ninguém agüentava mais a Neguinha. Todo dia ela tombava o balde de leite da Dona Zéfa, mulher do Souza, apenas para beber o leite derramado; por três ou quatro vezes pisara, talvez por pirraça ou ciúmes, com os pés enlameados, a roupa branca no quarador; brigava a dentadas com os gatos e cachorros da casa, notadamente por ciúmes, estes viviam descalabrados.

Mas, ontem foi o fim da linha!. A Neguinha deu um verdadeiro «baile» no «Souza e família a quatro»: - não se sabe como, a Neguinha conseguiu subir até o telhado da velha casa, construída ao lado de um grande barranco!. Da cumieira, choramingava feito criança nova: - tinha medo de descer!.

 

 

Leia este tema completo a partir de 21/5/2012

 

 



17/05/2012
0 Poster un commentaire

Inscrivez-vous au blog

Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour

Rejoignez les 17 autres membres