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AMANTE MANTIQUEIRA - Por Marcelo Pirajá Sguassábia

 

AMANTE MANTIQUEIRA - Por Marcelo Pirajá Sguassábia 

 

Do meio da escada rolante, na grande cidade cinza, galopo mentalmente nesse azul esverdeado que é todo teu, Mantiqueira. Vou me encardindo em teu musgo, devasso tua vastidão, perdidamente me encontro em teus cipós e veredas.

 

E já tão verde quanto és, me camuflo do mundo e me soldo contigo, no enlace fecundo entre o animal de mim e o vegetal de ti. Recolho no meu balaio lendas guardadas desde o Gênesis nas copas de tuas árvores. Trazidos por uma aragem passam caboclos e curupiras, camafeus de sinhazinhas, rocas de negras velhas, ais de chibata e de gozo, a grande saga dos séculos que pudeste acompanhar.

 

Ouves agora o eco? é toda a tua quietude aos berros dentro de mim. Mais um pouco e o sol a pino vai mudando teus matizes e o canto de teus pássaros. Sobrevoo esses mares de morros que começam não sei onde para acabar sabe-se lá.

 

Tuas termas de vulcões mortos, o enxofre a desprender dos teus ovários. Reconheço minhas veias nos veios de tuas rochas. Me revelas calmamente teus segredos mais nativos: as Pratas de tuas Aguas, as Caldas de teus Poços, teus Pinhais de Boa Vista.

 

Me falas dos milhões de anos que levaste na feitura disso tudo. Da paciência que tiveste, do quanto que esperaste para me ver assim, sob feitiço. Me contas histórias remotas, gravadas em xistos, calcários e granitos, num dialeto ancestral só partilhado por nós.

 

Leia este tema completo a partir de 23/7/2012

 

 

 



22/07/2012
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