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Andréa del Fuego e o Prémio José Saramago - um passado de cujo presente eu faço parte

 

Andréa del Fuego e o Prémio José Saramago - um passado de cujo presente eu faço parte

 

Os Malaquias é meu primeiro romance. Ele não surgiu de uma passagem natural do conto ao romance ou de um compromisso literário, um desafio de linguagem como me propus com os livros anteriores.

O livro surgiu no seio familiar, uma cobrança interna de outra comarca, a da herança.

 

Comecei a escrever Os Malaquias logo depois que minha avó morreu, no inverno de 2003. Meses depois, fui a Minas Gerais, onde ela vivia, enfrentar a ausência da grande mãe.

Numa tarde, percorri com minhas tias a região de Serra Morena, um vale deslumbrante que fica atrás do bairro Buracão, onde minha avó criou os filhos. Voltei certa de que escreveria um romance chamado Serra Morena.

 

O nome ficou na cabeça por bom tempo até que eu tomasse fôlego. A história se iniciaria no acidente natural que vitimou meus bisavós, deixando órfãos os filhos, entre eles, meu avô.

Ninguém da família comentava o caso e, numa tentativa de saber mais, meu avô ficou fragilizado e desisti de especulá-lo, era uma memória a que eu não teria acesso. Cada vez que escrevia uma página era tomada por uma eletricidade, inventar um passado de cujo presente faço parte.

 

Da cena real, a tempestade, eu inventaria o segredo dos sobreviventes. Um estado de ficção, onde se suspende a lógica da morte, por exemplo. Passaria uma mão de tinta em fatos, escreveria uma teoria provisória.

 

A pretensão poética e o realismo fantástico, presentes no texto, foram amortecedores emocionais, já que eu estava me olhando no espelho, ocasião em que damos o melhor ângulo.

 

 

 Leia este tema completo a partir de 27/8/2012

 

 

 

 



26/08/2012
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