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COLUNA DA ANTONIO CARLOS A. SANTOS ACAS - cururus, ou o repente dos santos

 

COLUNA DA ANTONIO CARLOS A. SANTOS  ACAS - cururus, ou o repente dos santos

 

 

O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO

Eis aqui um trecho do texto «Menino Jesus da Silva», mostrado pelo Teatro Itinerante nas ruas do Rio de Janeiro:
«Maria mãe é terra/ Muito fértil, meu senhor/ José jogou a semente/ Que na barriga dela brotou/ O menino chega hoje/ Será filho da fome/ Ou homem respeitado/ Com diploma de doutor?/ Salve louvor esse menino/ Que pode endireitar esta nação/ Aqui está o brasileiro/ A ele foi dada a missão.»

O repente, ou desafio, também está presente fora da região nordestina. Como vimos no meu texto «O Cego Aderaldo», o repente é utilizado também para professar religiosidade, quando passa a chamar-se de «cururu». Nesse caso, ele funciona tal como um «mantra», que se repete noite e dia, como verdade estabelecida daquilo escrito pela ficção. Em outros casos. Como mostrarei adiante, ele serve tão somente à louvação de Deus e dos santos.

O QUE É O CURURU?

Concebido como dança de roda, na zona rural da região do Médio Tietê, o Cururu foi levado como espetáculo ao público urbano, pela primeira vez em 1910, por Cornélio Pires, à mesma época em que este historiador levou também ao conhecimento de todos, a música caipira autêntica.
Apesar de ser inicialmente dançado, o Cururu é sobretudo, um Canto de Repente, de modo que as letras, a melodia e a música são feitas com total improviso.

Cada improviso deve respeitar um tipo de regra, conforme veremos adiante, no parágrafo «Regras para  o Cururu». Embora conduzido ao som de viola, que marca o compasso e pelos versos do cururueiro, o Cururu também tem na sua tradição, uma participação do público, que pode aplaudir uma combinação brilhante de palavras nos versos, ou então, criticar o desempenho do canturião, quando este perde o compasso da viola e «perde a batida».

Totalmente improvisado, mas cumprindo regras determinadas pelas tradições folclóricas, o Cururu foi criado por motivos religiosos, com base em eventos da igreja Católica, principalmente nas Festas em devoção ao Divino Espírito Santo, quando na hora em que ocorre o «pouso do divino», o cururueiro começa a cantar para saudar a chegada do Divino.

Nessas ocasiões, o canturião pode e deve mostrar todos os seus conhecimentos dos temas bíblicos (e com eles construir uma história), assim como deve mostrar toda sua habilidade em lidar com as rimas e o repente. Dessa forma, o Cururu é uma história cantada, onde o assunto é o louvor ao Divino e a maneira de se fazer o louvor e a carreira a ser seguida, são decididos pelos próprios carurueiros, que o fazem no início da cantoria.

O Cururu também pode ser denominado «canto de repente», só que o diferencial do repente paulista para os demais, como o repente gaúcho e nordestino, está nas particularidades, como definimos a seguir, mas o que todas elas têm em comum é a improvisação durante a apresentação musical.

O cururu religioso é tradição de uma região específica do estado de São Paulo, o Médio Tietê, especialmente Sorocaba e Piracicaba. Portanto, o chamado «cururu de Piracicaba» é de cunho religioso, enquanto o cururu gaucho (e o nordestino) é de contendas, onde um dos cucurueiros tentam desestabilizar o oponente, fazendo-o feio, pouco inteligente, guloso, preguiçoso, magro, gordo, etc.

 

Leia este tema completo a partir de 11/04/2011

 



10/04/2011
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