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O puteiro infestado - Por Emerson Wiskow 

 

O puteiro infestado - Por Emerson Wiskow 

 


Já havíamos bebido bastante no bar, estávamos embriagados e sem vontade de voltar para casa. Ele era escritor e havia publicado alguns livros. Na maioria livros infantis, uma série deles.

 

Nos conhecíamos há uns bons anos, oito ou nove, talvez dez. O cara tinha seus méritos, certa vez chegamos a dividir um apartamento com outros dois caras. Todos velhos parceiros. Acho que começou com a poesia quando ainda usava um corte de cabelo moicano. Agora estava se dando bem e publicava livros. Sim, ele ainda publica livros.

 

Nessa época eu não pensava em escrever porra nenhuma e o máximo que eu fazia era desenhar algumas histórias em quadrinhos, e não lembro se tinha conseguido publicar alguma delas. Acho que não. O certo é que a coisa não mudou muito, a não ser pelo fato de que agora travo uma batalha comigo mesmo em relação à literatura. Sempre lutando contra esse monstro cheio de garras afiadas que me atormenta questionando-me se conseguirei ou não me tornar um escritor.

 

Bom, como eu ia dizendo, bebemos algumas cervejas e resolvemos esticar um pouco aquela noite. Saímos do bar e andamos sem rumo certo pela cidade, apenas vagabundeando, envoltos naquela noite bonita, agradável e quente. Enquanto caminhávamos por uma rua pouco iluminada, cercada por prédios antigos, acabamos encontrando um puteiro que ficava em um desses prédios.

 

A fachada era discreta, como se fosse um desses clubes secretos no qual se confabulam segredos ou tramam coisas. Uma seita proibida. Batemos na porta, uma porta de madeira, alta, antiga e de pintura desbotada. Batemos e esperamos. Uma mulher entreabriu a porta, tive a sensação que ela perguntaria uma senha para podermos entrar. A mulher nos olhou parecendo nos examinar. - Oi - disse o cara que estava comigo. - Oi - respondeu a mulher. - Podemos entrar? A mulher fez um leve gesto afirmativo com a cabeça. - Podem...

 

Entramos num pequeno e estreito corredor iluminado por uma meia-luz, a mulher vestida com uma curtíssima saia transparente afastou-se para o lado deixando a passagem livre para nós entrarmos e fechou a porta. Seguimos a mulher observando sua grande bunda, a saia transparente revelava uma calcinha preta enfiada entre aqueles montes de carne.

Logo chegamos numa pequena sala também pouco iluminada, todo o ambiente era coberto por uma penumbra. Um homem bebia sozinho, sentado num tamborete junto ao pequeno balcão do bar. Havia quatro ou cinco garotas na casa, espalhadas pelos cantos, duas sentadas num pequeno sofá, conversando, ambas com as pernas cruzadas e vestindo pouca roupa.

 

O cara nos olhou de soslaio e as garotas também deram um jeitinho para verem quem eram as vítimas, quem havia caído na armadilha. Ficavam ali, esperando entediadas. Tive a sensação de que eram algum tipo de feiticeiras, entocadas entre a bruma, apenas esperando a presa desavisada. E quando ela aparecia, tratavam logo de usar todos os seus poderes de sedução.

 

Dissimuladas, iniciavam os seus rituais, dançando, circulando pelo ambiente ou simplesmente fazendo poses estudadas. Tudo para conseguirem os seus objetivos.

 

Leia este tema completo a partir de 25/04/2011

 



23/04/2011
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