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Jornal Raizonline nº 117 de 25 de Abril de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - O 25 de Abril de 1974 e a nossa consciência

 

Jornal Raizonline nº 117 de 25 de Abril de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - O 25 de Abril de 1974 e a nossa consciência

 

 
O 25 de Abril de 1974 e a nossa consciência

 

Neste nosso mundo é comum dizer-se que «ninguém dá nada a ninguém». Um pouco exagerado, ou mesmo muito, na minha opinião, mas existe sempre um fundo de verdade nas verdades populares.

De uma forma geral deve entender-se que as coisas se conquistam, se ganham, se labuta para as obter, breve, que nada cai na nossa bandeja se não fizermos alguma coisa por isso.
No fundo esta ideia tem também bastante complexidade para poder ser dissecada com cabeça, tronco e membros: o que é fazer, labutar, conquistar, obter? Ou melhor o que se faz de facto para que uma dada coisa tenha lugar?

 

Os princípios mais simples dizem-nos que este «trabalho» é visto como sendo um trabalho direccionado para obtenção dessa mesma coisa que se pretende obter: se se quer uma peça de fruta vai-se a um pomar, ao supermercado, à frutaria ou  outro lado qualquer onde hajam frutas. Pois bem...e o trabalho que se faz antes, durante e depois para obter, conservar e comer a dita fruta?

 

Bem, o que eu pretendo dizer neste pouco exemplar exemplo é que nem tudo é aquilo que nos parece ser o suficiente ou o bastante para se atingir um dado objectivo (comer uma peça de fruta). No fundo e neste contexto o mais fácil e se calhar o que mais nos fica na memória é o acto da escolha do fruto (se tivermos escolha), o facto de o comermos... às vezes avaliarmos a qualidade do dito. Mas como se entende e foi sumariamente escrito existe todo um trabalho antes, durante e depois. (Deitar a casca fora, por exemplo).

 

Uma revolução é um pouco disto tudo: o Otelo Saraiva de Carvalho em entrevista que foi passada na nossa rádio pelo Henrique Ribeiro no seu programa «O Som das Palavras» deu um exemplo, entre outros, de uma coisa interessante; na zona do Cristo Rei (Almada) havia baterias de artilharia direccionadas para o Rio Tejo e a sua presença terá sido pelo menos suficiente para vencer as tentações de uma fragata da marinha de guerra intervir no sentido contrário ao projecto revolucionário que se desenvolvia.

 

Mas não é só na guerra e na paz que as coisas são feitas com coberturas e cenários: existe uma definição interessante no Direito português que refere o «bom pai de família» como sendo o elemento analógico para determinação entre a negligência simples e a negligência culposa. Ou seja - e sem querer entrar muito neste campo - se se prevê, se se avalia, se se pondera e mesmo assim a decisão tomada acaba por ter maus resultados ou resultados diferentes do esperado  pode haver negligência simples ou mesmo ausência dela: o facto (mau ou bom) teve lugar independentemente do campo onde ele se realiza ter sido estudado tão exaustivamente quanto é humanamente possível. Era imprevisível, pode dizer-se.

 

Pois o 25 de Abril foi imprevisível no dia certo em que teve lugar pelo menos para as forças do regime e sabe-se que o sistema de informação deste pessoal era algo relativamente pesado e volumoso. Foi também imprevisível para o comum dos cidadãos mas não de todos...quer dizer há muito que se esperava que iria acontecer qualquer coisa pelo que no fundo o acontecimento terá sido pelo menos relativamente inesperado.

 

 

Leia este tema completo a partir de 25/04/2011

 



25/04/2011
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