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Brinquedos que tive - Conto de Liliana Josué

Margarida, cansada das lides domésticas sentou-se um pouco num banco da cozinha: divisão pequena mas alegre com suas leves cortinas de folhos aos quadrados azuis e brancos, azulejos de florinhas pintadas e panos-da-loiça garridos.
Enquanto os pensamentos divagavam, seu filho, acabado de acordar chegou-se a ela.
Era um menino de cinco anos, roliço e de olhos ladinos.
Ela afagou-lhe os anéis do cabelo enquanto lhe desenhava na testa branca seus lábios quentes.
 

Pedrito vinha agarrado a tantos brinquedos quantos seus braços podiam alcançar. No dia anterior fizera anos, a festa tinha sido um sucesso, até conseguira apagar as velas do bolo de uma só vez.
Enquanto a mãe lhe preparava o lanche ( uma fumegante tigela de leite quentinho, apurado com flocos de chocolate) ele numa graciosidade de gestos infantis espalhou sobre a mesa os variados entreténs.

Enquanto o menino comia Margarida observava-o com olhos de mãe enternecida.
Um carro telecomandado ondulava pela cozinha fazendo ruídos de carro real, um soldado robot mexia-se todo na sua imponência de coisa importante, um monte de legos fazia acrobática pirâmide colorida.

Pedrito parou de repente e perguntou à mãe: - Os teus como eram - ?
Ela semicerrando os olhos e com um ligeiro sorriso respondeu: - Os brinquedos que eu tive não eram assim tão modernos, com tantos botões e luzinhas, mas também eram bonitos.
O menino impaciente insistiu: - Então como eram ?
- Eram parecidos com esses mas com menos coisas, entendes?

O menino não respondeu ficando à espera de mais.
- Para compreenderes melhor vou dizer de outra maneira; vou falar-te do que mais gostei. Era um boneco de sorriso lindo, cabelo aos caracóis, dedinho na boca deitado numa caminha azul. Parecia um anjo. Também chorava e até dizia mamã e papá.
Quando me ia deitar levava-o comigo, mudava-lhe as fraldas, dava-lhe biberão, rodeava-o de beijos e atenções.

Leia este tema completo a partir de 13/06/2011