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Coluna de Antônio Carlos Affonso dos Santos - ACAS, o Caipira Urbano. - Vitalinas e Galos de São Roque

 

Coluna de Antônio Carlos Affonso dos Santos - ACAS, o Caipira Urbano. - Vitalinas e Galos de São Roque 

 

Certas coisas da infância, vividas numa fazenda de café no Brasil, eu não esqueço. Uma delas era o fato de que os patrões, vez ou outra, «convocava» uma moça dentre as colonas da fazenda, para servi-los na capital, como empregada doméstica. Estava em marcha a formação de mais uma vitalina, ou galo de São Roque:

 

A)- Como dizia acima, este evento era encarado como «oportunidade de ouro» para tais moças, uma vez que aos olhos dos pais de tão «sortuda» moçoila e aos dela, principalmente; aquela era a única chance que tinham para evitar trabalhar o resto da vida puxando a enxada nas plantações de subsistência ou nas colheitas de café ou cana.

 

A escolha final era da «mulher do patrão», que muitas vezes tinha até dificuldade na escolha, dado o grande número de pretendentes.

 

A escolha, em geral se dava para a mais jovem ou para a mais bem apessoada. Via de regra, ser mais jovem e mais bonita eram qualidades tidas como essenciais. Ato contínuo, o fazendeiro chamava o colono, pai da moça escolhida e assegurava a este que faria de tudo pela filha do colono, sendo para ela um verdadeiro pai, ou padrinho.

 

A menina, ou pequena escrava, como queiram, a quem a Lei Aurea da Princesa Isabel nunca soube nem teve ciência, passa a chamar seu «protector» de padrinho e sente por ele uma enorme gratidão.

Essa pequena escrava que o patrão do pai pegou para «criar», transformando-se numa mártir doméstica: faz todo o trabalho duro da casa. Sempre é ela a primeira a acordar a última a ir dormir.

 

Não há serviço, por pior que seja, que não solicitem a ela que o faça. Muitas vezes tem para dormir um velho e surrado catre ou até uma rede armada num canto da despensa, o mais escondido possível das visitas importantes ou conhecidos da boa sociedade.

 

Tal «afilhada» come às pressas, o resto das panelas, se existirem; veste as roupas velhas das filhas do padrinho; nunca saem para passear ou têm restrições até mesmo para ir à igreja de vez em quando.

 

Roupa nova, só quando de ano em ano, vai fazer uma visita aos pais. Nessa ocasião, o «padrinho» dá um salário extra ao pai da afilhada; sem explicar por que nunca pagou salários para a afilhada. Mesmo assim, o pai de tal mártir acha que tudo aquilo está de bom tamanho para suas pretensões quanto ao futuro da filha.

 

Leia este tema completo a partir de 2/7/2012

 



01/07/2012
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