Coluna de Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - ARNALDO SANTOS- A libertação dos Homens - Jinzéu
Coluna de Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - ARNALDO SANTOS- A libertação dos Homens - Jinzéu
Arnaldo Santos é natural de Luanda, onde nasceu a 14 de Março de 1935. Até à adolescência viveu no Bairro do Kinanxixi, topónimo que ocupa um lugar privilegiado na sua produção narrativa. Escritor e poeta de vasta obra, obteve, em 1968, o Prémio Mota Veiga, um dos poucos atribuídos em Luanda nas décadas de 1960 e 1970. Foi co-fundador da União dos Escritores Angolanos, tendo feito parte dos seus corpos dirigentes desde a proclamação (1975) até 1990. Está representado em várias antologias editadas na Alemanha, Argélia, Brasil, Inglaterra, Itália, Portugal, Kénia, Russia e Suécia.
A libertação dos Homens - Jinzéu
Os anos foram passando desde a chegada das naus, do alto, o Kinaxixi da Quianda viu crescer ao longe a cidade de São Paulo de Assumpção de Loanda. Porém, a cidade de São Paulo era muito estranha. Nessa Loanda estavam insistir conviver, lado a lado, duas cidades distintas. A Loanda Cidade Alta, e a Loanda Cidade Baixa.
No entanto, só uma delas, a Cidade Alta que corria desde o pequeno morro junto à ilha onde se erguia a fortaleza de São Miguel, eriçada de pesados canhões de boca larga, até na Ermida de São José (que virou depois Hospital Maria Pia), ousava enfrentar o Kinaxixi de Quianda.
– Essa Cidade Alta, é que mandava em tudo... – explicou assim, devargamente, Kuxixima.
Mais do que alta, ela era altiva e sobranceira percorria todo o cimo da crista do morro guarnecido das cruzes da Igreja dos Jesuítas, e da Igreja de Nossa senhora da Conceição, e também das bandeiras e estandartes dos aquartelamentos militares.
Dessa maneira a Cidade Alta seguia altíssona e festiva até nas encostas da Maianga do Rey, onde os escravos dos moradores iam buscar água. Dominando o casario, ficavam também nesse plano alto, os palácios dos Governadores, do Bispo, e a Santa Casa de Misericórdia com seu hospital.
A outra cidade, era, aparentemente, mais modesta. Nela a vida fervilhava entre tabernas, armazéns de escravos, sobrados com sanzala e as cubatas que se confundiam com as areias das barrocas.
Não raramente a Loanda Alta baixava nessa Loanda da praia, e nela se esponjava, se embriagava.
Leia este tema completo a partir de 14/5/2012
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