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Coluna de Manuel Fragata de Morais - A PRECE DOS MAL AMADOS - CAPITULO ONZE (FINAL) - QUANDO O RIO DESAGUA SOB A TERRA

 

Coluna de Manuel Fragata de Morais - A PRECE DOS MAL AMADOS - CAPITULO ONZE (FINAL) - QUANDO O RIO DESAGUA SOB A TERRA

 

Nazamba acabara de ter o filho, um belo rapaz achocolatado e, tanto ela quanto o marido, não cabiam em si de felicidade. O quarto da clínica tornara-se pequeno para a primeira visita, tantos os amigos e colegas, para além da avó toda babada que insistia em querer manter a criança nos seus braços.

 

- Que nome lhe vais dar, Bicesse? – perguntou uma colega de Nazamba, a brincar
- Olha, por causa dessa afirmação já não vais ser a madrinha... – respondeu, jocosa.
- Alto lá, os padrinhos somos nós!... – cortou Tadeu.
- E quem é que não sabe disso? – retrucou Nataniel. - E verdade, os padrinhos só podem mesmo ser vocês. – confirmou Nazamba.
- E que nome é que lhe vão dar? – perguntou Lucinda. - Já tínhamos combinado que se fosse um rapaz, chamar-se-ia Marcelo, o nome do meu falecido pai. – respondeu Nazamba.

- E um bonito nome e que merece ser recordado – sentenciou Balanta, entregando o bebé à mãe.
Por volta das seis da tarde tinham partido as visitas, restando a mãe e o marido. - Daqui a uma hora deixamos-te descansar. Volto logo pela manhã para te ver, antes de ir para o hospital. – disse Nataniel, afagando-lhe a cabeça.
- E muito bonito o nosso filho, tem parecenças tuas – respondeu Nazamba.
- E verdade, sai ao pai. – confirmou Balanta.

- Não precisas de ficar todo babado... coloca-o no berço, por favor.
As sete, Nataniel e Balanta despediram-se de Nazamba e regressaram a casa, numa noite de muito calor.
- Coitado, vai sofrer todo este calor, para além dos mosquitos . – disse Nataniel.
- Estou muito feliz, meu filho. Nunca sonhara poder ver este dia, já chorava porque nunca seria avó, quando me aparecem os dois filhos, se Marcelo conseguisse ver, estaria também muito feliz.

- A mãe quer ir comigo amanhã de manhã? – perguntou, para não deixar resvalar a conversa para o passado.
- Deixam entrar?... Não é hora de visita!...-
- De facto. E melhor ir à tarde, de manhã nós os médicos não gostamos de ver ninguém a não ser as enfermeiras e os técnicos, todo o resto só atrapalha.
- Está bem, vamos à tarde, mas de manhã passa por lá para saber se precisa de qualquer coisa.
- Farei isso, mãe.

Na clínica, mais repousada por se encontrar só, Nazamba olhou para o filho no berço e sentiu-se invadida de uma nostalgia inexplicável, um vazio de angústia tomou posse do seu coração e as lágrimas brotaram silenciosas. Desconcertada, não soube que chorava a culpa e o feto abortado há muitos anos, em Portugal. A enfermeira entrou e vendo-a chorar dirigiu-se à cama.

 

Leia este tema completo a partir de 18/07/2011

 



17/07/2011
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