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Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - HENRIQUE ABRANCHES - A KAPUNDA GRANDE

 

Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - HENRIQUE ABRANCHES - A KAPUNDA GRANDE

 

Dando prova da extrema criatividade e versatilidade do seu talento artístico, Henrique Abranches, antropólogo, artista plástico, escritor de múltiplas expressões, conheceu as prisões da PIde ainda jovem, como muitos outros, de onde conseguiu passar para o exterior da prisão de S. Paulo. O manuscrito de «A Konkhava de Feti» de onde extraímos os excertos que aqui constam, bem como os de «Titânia», uma proposta de ficção científica, então uma nova vertente na literatura angolana.
 
A KAPUNDA GRANDE
 
Olhai.
 
As brasas crepitam ainda no choro da sua própria agonia e é como um choro que vem da lembrança de Kapitia, o pequeno Kapitia, o solitário da nossa aldeia com o seu arquinho de música a que chamamos Mbulumbumba. E é como o vazio que está agora sobre o morrinho arenoso do meio, vazio de Kapitia, o mago da Mbulumbumba, o jovem solitário, que não tinha geração nem linhagem como tem qualquer de vós. Ele o que foi gerado como nenhuma outra criatura da sagrada aliança da mulher com a Natureza.
 
Kapitia, onde estás hoje, Kapitia, senão na memória prudente do Povo de agora cuja sapiência é feita de mil dissabores, aquele Povo que tanto te deseja e cria como o de então te desprezou e destrui? Kapitia, o teu arquinho de música soa ainda aos meus cansados ouvidos, pelo lado de dentro, com o mesmo brônzeo som daquele tempo mas com aquela tintura de velhice que bronze ganha através do tempo. Meu pai o aprendeu dos ouvidos do pai do meu pai e a mim mo ensinou.

 

Leia este tema completo a partir de 8/8/2011

 

 


 



06/08/2011
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