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Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - TUKUMUKA de Dia Kassembe

 

Coluna de Manuel Fragata de Morais - O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - TUKUMUKA de Dia Kassembe
 
Dia Kassembe , pseudónimo de Amélia Benghy

 

Nascida em Angola em 1946. Filha de Banda de Kassembe ( Kassembe está situado entre Dondo e Amboim, na província de Quanza Sul). Durante a época colonial escreveu diversos artigos, poemas e crónicas nos jornais da época (Província da Angola, Revista de Angola, O Lobito) sob pseudónimos: Ivi, Liana, AFC ...
Refugiada em França desde 1980, regressou recentemente a Angola.
 
TUKUMUKA

 

Esta história, muito curta, é talvez a mais insólita de todas as que narramos neste livro!

 

Estamos em 1953... A jangada era uma grande barcaça a remos que sem parar transportava viajantes, mercadoria, algumas vezes até viaturas e animais, melhor dizendo, tudo o que era passível de ser transportado, de uma margem a outra do rio que separava o Dondo Kandange. E um belo dia, A Jangada depositou na margem, em Kandange, um Branco, barbudo e de olhar vítreo. O soba da sanzala foi avisado porque o homem tinha chegado sem bagagens e tinha um ar doente, além de que não possuía nenhum documento que permitisse identificá-lo...

 

Imediatamente, achou-se que ele era uma assombração, um espírito vindo do nada. E a partir desse instante, ele tornou-se o TUKUMUKA (espírito vindo do nada).

 

Ele tinha ancorado ali, da mesma forma que os destroços de um braço perdido no alto mar acabam por dar à costa. Quem era ele? Um aventureiro em busca de mudança de vida? Um boémio? Quem poderia saber nesta vila do fim mundo? Era branco, o único branco entre estes indígenas indolentes e menos apressados que o próprio tempo. Seu nome?... Os habitantes alcunharam-no de Tukumuka.

 

Era como uma espécie de fenómeno vivo, aparecido ali, repentinamente, vindo de parte alguma, uma coisa insólita, a que acabamos por nos habituar. Ali estava ele, nesta vila de Kandange, no sudeste de Angola, a alguns milhares de quilómetros da sua Bélgica natal.

 

Para os habitantes de Kandange era uma espécie de amuleto ou porta – desgraça que lhes havia caído em cima, mas de um certo ponto vista era também uma sorte que deviam conservar. Portanto ele era, ao mesmo tempo, temido e adulado. Apreciavam-se os eventuais malefícios. Tukumuka, ninguém conhecia seu verdadeiro nome nem ninguém lho perguntava.

 

Leia este tema completo a partir de 5/9/2011

 

 

 

 



04/09/2011
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