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COLUNA DE MANUEL FRAGATA DE MORAIS - O imaginário no texto Angolano - Filipe Correia de Sá - ESTAMOS JUNTOS NO REINO ANTIGO

 

COLUNA DE MANUEL FRAGATA DE MORAIS - O imaginário no texto Angolano - Filipe Correia de Sá - ESTAMOS JUNTOS NO REINO ANTIGO

 

Jornalista, nascido a 27 de Maio de 1953, no Balombo, Angola, reside em Cabo Verde desde 1985. Neste seu primeiro livro, cujo título busca o nome numa famosa cordilheira de Angola, o autor fala-nos de um reino antigo de vastas planícies e montanhas, no sul do mundo, e narra uma história sob as chamas da fogueira dos Passados, guardada por Todo o Mundo, o renascido.

 

ESTAMOS JUNTOS NO REINO ANTIGO

 

 Um reino antigo ocupa vastas planícies e montanhas no sul do mundo. As águas brilham entre as matas e os canaviais, tombam, por vezes em cachoeiras prateadas, sobre corpos serenos que se banham nos rios.

 Estamos Juntos, de pé, de braços abertos a inspirar da manhã, a cheirar a guano, os aromas na sua temperatura, de palha húmida e estrumada, as lufadas ácidas das gajajeiras a chamar os mercadores do pólen.

 

A casa dele no cimo de um morro debruça-se sobre o rio que passa em baixo onde peixes abundam. O marulhar da água a correr extingue-se no fundo de uma garganta de pedras a cachoeirar numa ravina. O rio continua para longe, recuperando, mais à frente, os braços que estendera para trás dos morros ou nas depressões do caminho.

 

Era frequente passarem caravanas ali perto, sítio ideal para reconfortar homens e alimárias, num movimento cíclico, regular.

Ao longo do tempo, sementes viajantes no lombo das manadas transumantes, de gnus e palancas, germinavam árvores de vário porte, muitas já então na época de fazer pender dos galhos encurvados frutos sumarentos de apetecer. Manga, fruta-pão, gajaja, pitanga, banana, goiaba, maboque e outros tantos.

 

A pouca distância da casa de Estamos Juntos, passava uma das rotas das caravanas dos mercadores, rede infindável que circulava por todo reino. O movimento aumentava de dia para dia, naqueles últimos tempos. Alguma coisa se estaria a passar, pensava, embora estivesse longe de saber o que seria e não mostrasse sinais particulares de inquietação pelo que concluía.

 

Raras pessoas apareciam na sua morada. Não era visível de baixo, protegida por uma camuflagem de árvores, pedras cinzentas enormes e uma série de outros cumes com melhor acesso. Por vezes aproximava-se gente, mas só mesmo quem precisava de alguma coisa.

 

Apenas o acidental reflexo de um utensílio ao Sol, a bruma dos fumos, o som de um animal, o rodopiar das pombas fazia saber da presença de alguém ali a morar. Se carecia de um produto, punha-se a caminho, descia para o acampamento mais próximo. Sabia das notícias desta maneira, enquanto procurava o que pretendia, entre os mercadores. Se não havia num, procurava noutro, assim ia ouvindo. Conversar, conversava pouco, não se demorava muito nas falas, porque não entendia a maior parte das conversas.

 

Leia este tema completo a partir de 17/9/2012

 

 

 

 



16/09/2012
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