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COLUNA DE TOM COELHO - O bullying sempre existiu

 

COLUNA DE TOM COELHO - O bullying sempre existiu

 

O bullying sempre existiu. Anos atrás as vítimas eram chamadas de CDFs, nerds ou puxa - sacos. Eram jovens que se sentavam nas primeiras fileiras de carteiras na sala de aula, prestavam atenção no professor e na matéria lecionada, inquiriam e respondiam perguntas, faziam o dever de casa e, consequentemente, tiravam boas notas. O contraponto era a «turma do fundão», formada por rebeldes e descolados.

 

Os atos de bullying eram bem conhecidos. Desde o «corredor polonês», onde vários estudantes se enfileiravam para escorraçar o alvo com alguns petelecos, tapas e breves pontapés, a chamada «geral», até o famigerado «te pego lá fora». A opressão era mais física do que psicológica, pois o constrangido tinha em sua defesa o fato de ser, normalmente, melhor aluno que seus agressores.

 

Claro que também tínhamos o assédio ao gordo, ao feio e ao varapau. Mas a questão é que estas ações eram contidas em si mesmas. As escolas mantinham «bedéis» para colocar ordem na casa e coibir atos de violência, sem falar que ir «parar na diretoria» era temido pela maioria dos alunos.

 

Contudo, se o bullying ocorresse, ao chegar em casa a vítima ainda iria ter com seus pais. Alguns poderiam dizer: «Não reaja, pois não é de sua natureza», no melhor estilo «ofereça a outra face». Já outros argumentariam: «Se apanhar de novo lá fora e não reagir, vai levar outra surra quando chegar em casa».

 

Mas isso tudo são histórias de 30 ou mais anos atrás, tempos em que a educação era partilhada pela igreja, a família e a escola. A igreja católica se viu alvejada, no Brasil, pelo avanço dos evangélicos e outras religiões, de modo que passou a se preocupar mais com seu negócio do que com seus clientes. A família abandonou o modelo patriarcal, migrando para o nuclear.

 

Agora a mulher trabalha fora, acumulando a chamada dupla - jornada, ou seja, cuidar de seu emprego e dos afazeres domésticos, sobrando menos tempo para dar atenção aos filhos. Esta nova rotina profissional levou à desagregação familiar. Assim, a educação foi entregue à tutela quase exclusiva da escola que, por sua vez, também se tornou um grande negócio.
Neste quadro, coloque como tempero os conflitos de valores, a influência da mídia e os novos paradigmas sociais. Agora temos alunos que não respeitam professores, colegas e até os pais, pois têm grande dificuldade de lidar com o conceito de hierarquia. O apelo ao consumo transformou pátios em passarelas, por onde desfilam roupas e celulares. Os péssimos hábitos alimentares promoveram o crescimento da obesidade contrastando com a ditadura da beleza. E a cereja do bolo: a comunicação pelas redes sociais que levam as vítimas à exposição instantânea e em larga escala.

 

Leia este tema completo a partir de 30/05/2011



30/05/2011
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