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Conto de Ilona Bastos - Em direcção ao futuro…

 

Conto de Ilona Bastos - Em direcção ao futuro…

 

Olhando a mulher sentada, abatida, diante de si, a advogada pondera se é possível receber-se o mais duro de todos os golpes e continuar-se optimista, reconstruir-se a vida e seguir-se em frente, carregando o conhecimento proveniente da experiência amarga, mas avançando sem azedume, corajosamente, em direcção ao futuro…
 
Aquela mulher que a encara do outro lado da secretária, de rosto branco crescentemente tingido de manchas avermelhadas à medida que vai contando o drama da infidelidade do marido, é uma mulher bela. Vista na rua, trajando roupas elegantes - o passo enérgico dos quarenta anos, o cabelo pintado de castanho acobreado, ondeado e bem penteado -, parecerá jovem e feliz.

 

E, contudo, encontra-se à beira de perder o emprego, tal a impossibilidade de se concentrar nas funções que lhe estão atribuídas. As filhas culpam-na (ou simplesmente abandonam-na) neste transe que desde há alguns meses se abateu sobre a família. A raiva, o furor, a ira, o desespero, a mágoa, a amargura, assomam-lhe alternada ou concomitantemente à face, enquanto expõe impetuosamente o seu caso.
 
A advogada concorda com a cliente – por empatia, para lhe fazer a vontade – aceitando que a sua questão é de difícil resolução. Mas para ela não é, na realidade.
 
Trata-se de uma clara situação de adultério, de violação dos deveres conjugais, de incumprimento da obrigação de fidelidade, e a senhora pode muito simplesmente instaurar uma acção de divórcio contra o marido que a atraiçoa. Basta-lhe decidir.
 
Mas a mulher revolve-se entre dúvidas, fúrias e desamor. Fala e chora. Gesticula muito com as mãos. Os seus dedos, bruscos, cortam o ar e esmagam-se violentamente sobre uma folha de papel maculado por uma escrita vulgar, traçada a esferográfica azul, prova triste e inexorável da sua irremediável fatalidade.
 
A mulher confessa-se. Não se sente preparada para um processo litigioso. Não encontra, em si, coragem para confrontar o marido. Mas não aguenta, por mais um dia que seja, manter a situação tal como há longos e penosos meses se arrasta. E, então, debate-se, grita e chora…Quer agir e parece-lhe não conseguir sair do mesmo sítio.
 

Leia este tema completo a partir de 22 de Abril carregando aqui.

 

 

 

 



20/04/2013
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