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CONTO DE PÁSCOA POR FRANCIS RAPOSO FERREIRA - Conto da Páscoa

 

CONTO DE PÁSCOA POR FRANCIS RAPOSO FERREIRA - Conto da Páscoa

 


Havia certa vez, numa aldeia qualquer perdida no cimo de uma qualquer serra de um país também qualquer, um casal muito pobre que tinha uma filha cujo grande sonho era poder sair dali e ir conhecer terras novas, não que ela soubesse muita coisa sobre as outras terras, não tinham televisão, não chegavam lá os jornais e portanto tudo o que ela sabia era pelo que ia lendo nos livros da velha escola da aldeia, onde só havia uma professora, também ela já muito velha, muitos diziam mesmo que a professora era tão velha como a escola e que por sua vez esta era da mesma idade da aldeia.

Inês, assim se chamava a filha do casal, passava os dias a imaginar grandes viagens às cidades que ia descobrindo nos livros que conseguia arranjar nas poeirentas prateleiras da escola, sempre que se juntava com as outras crianças da aldeia para participar das brincadeiras, tentava conduzir as mesmas para o tema das viagens.

As pessoas mais velhas costumavam comentar que Inês ainda havia de causar grandes amargos de boca aos pais com aquela sua mania das viagens, diziam mesmo que não era franga para ser criada naquela capoeira e que bastaria que se lhe chegasse algum mariola mais esperto para a convencer a partir em busca do seu sonho, abandonando a aldeia e seus velhos pais.

Francisco, pai de Inês, não dava ouvidos aos comentários das pessoas, mas ia registando tudo o que elas iam dizendo, tinha a certeza que a sua filha nunca o abandonaria, ela podia passar a vida a sonhar com grandes viagens, mas nunca seria rapariga para lhes voltar as costas assim sem mais nem menos, talvez por isso lhe custasse, ainda mais, ir verificando que nunca conseguiria juntar para a ajudar a concretizar o seu grande sonho, o pouco dinheiro que conseguia realizar mal dava para se alimentarem os três, quanto mais para viagens, constituíam uma das famílias mais pobres da aldeia, quase todos os outros tinham o seu bocadinho de terra de onde retiravam alguns dividendos, mas eles não, nem ele nem a sua mulher tinham herdado fosse o que fosse, até a casa onde moravam não era sua, mas sim de um senhor doutor que lha cedera em troca de ele lhe cuidar das terras.

 

Leia este tema completo a partir de 02/05/2011

 



01/05/2011
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