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Contos de Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz. - O jardim e a poeta - Fábula - Episódio nº 1: Tudo foi amor, na minha vida!

 

 

Contos de Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz. - O jardim e a poeta - Fábula - Episódio nº 1: Tudo foi amor, na minha vida!

 

 

O dia amanheceu lindo e resolvi passear pelo meu jardim. Coloquei somente um robe longo, de seda negra, a combinar com a camisola. Sacudi a cabeleira escura e longa, permitindo-lhe aninhar-se, naturalmente, sobre os ombros.

Desci as escadas com meu cão de guarda, ao lado. Não me deixa, o negro e belo meninão!
A um olhar rápido conferi a sala. Não abri as janelas. O objetivo era o jardim e, por conhecer-me tão bem, sabia que permaneceria aos devaneios, a olhar a rua de terra, quase sempre vazia. Além do que, aquela floresta que a margeia encanta meu olhar e minha imaginação.

 

Apressei o passo e abri a porta da cozinha. Num segundo, o calor natural do meu corpo atraiu o do sol, que me extasiou os sentidos!
Como se enxergasse algo, para bem além daquela realidade, franzi a testa, contraí os olhos verdes de esperança azulada e esfreguei-os, levemente...

Então e somente então, segurei a ponta da camisola e do robe, como a iniciar uma dança e adentrei o jardim. Que delícia de natureza! Longe de ser primavera, mas, por todos os lados, rosas e rosas e rosas vermelhas! Todas elas, vermelhas! Exigência, ao perfeito jardineiro: grama sadia e rosas vermelhas. Pelo ano inteiro!

Ofereci água a tudo, gramas e flores. O cão saciou-se, também. Aliás, o danadinho, a festejar-me, bateu forte as patas dianteiras no meu peito, e, num sem querer, desfiou, ligeiramente, a renda negra da longa lingerie que me vestia o corpo dourado de sol. Ah! Que pena!.. Ajeitei, rapidamente, enrolando o estrago com a ponta dos dedos umedecidos na saliva quente. Acalmei-o com afagos e iniciei uma conversa com a natureza. Tanta exuberância!

Declamei o poema «Duas rosas» de Castro Alves e as flores emocionaram-se, a ponto da grama aveludada, carinhosa, acolher cada orvalho espalhado pelo chão. Tão verdinha, pediu-me, tímida, que declamasse um poema da minha autoria. As rosas festejaram a ideia! Um. Dois. Três. Quatro. Cinco... Dez! Quantos pedidos! E, eu, vaidosa como as pétalas das rosas, saciei-os a todos! Esvoacei por entre aquele verde todo, dramatizando cada palavra! Distribuí sorrisos maliciosos aos ventos!

 

Provoquei as nuvens! As minhocas e as formigas pararam seu intenso trabalho, para ouvir-me! Seduzi até o ar, que entrava, sôfrego, pelas minhas narinas! Encantei a natureza inteira, daquele pedaço de chão, que tremia, excitado, aos meus pés!
- Psiu! - chamou-me alguém, a cortar-me o frenesi. Olhei ao derrededor e nada vi.
- Poeta! Aqui...

Olhei e vi uma rosa linda, aveludada, de cor forte e firme, bem mais escura do que as demais. Carregadinha de espinhos, a proteger-lhe. Talvez, a mais idosa mas, pela sua beleza, destacava-se no imenso jardim.
- Chamas-me, rosa afortunada de beleza?
- Sim. Queria um beijo...
- Claro! – respondi, curvando-me para beijá-la, delicadamente. Afinal, as rosas são muito sensíveis!
- Sei a razão da tua poética!
- Sabes, mesmo?
- Sei. Foste, sempre muito amada.
- Lá isso é uma grande verdade! Fui, sim. Sorri e sofri, mas amei e fui amada, sempre!
- Posso enxergar na íris dos teus olhos. Tua vida está aí pintada...

Fechei os olhos, rapidamente, como a proteger algum segredo.
- Não faças assim! O amor é tão bonito e tão difícil de ser encontrado! Não te sintas envergonhada, nem mesmo pelos segredos mais profundos...
Meneei a cabeça, como numa afirmativa, ainda que encabulada.
E a sábia rosa continuou: - A Poesia acompanha-te desde o berço...
- Outra verdade... - interrompi a bela flor - nasci do amor de mamãe poeta e de papai músico.

 

Amaram-se, muito, durante toda a vida, até que papai se foi... Mas, acredito que, de tão lindo, aquele amor persista, entre as estrelas...
- Sim, também creio nisso. Como vês, tenho bem mais idade do que as outras rosas e mais histórias ouvi. Queres sabê-las?

 

Leia este tema completo a partir de 27/06/2011

 

 

 



25/06/2011
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