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Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXIV - Por Daniel Teixeira - Pequeno inventário social

 

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXIV - Por Daniel Teixeira - Pequeno inventário social
 
Para contar memórias ao fio da lembrança, mesmo que elas sejam, como são, diversificadas, é difícil não voltar a referir, ainda que noutros enquadramentos,  noutras perspectivas aquilo de que já se falou. No meu caso as coisas, os acontecimentos, entrecruzam-se como se passássemos por uma rede de caminhos: é difícil por exemplo falar num caminho que está a norte sem fazer referência aos restantes e é difícil não descrever algo mais que se passou num desses caminhos que não estando directamente em causa já foi inclusivamente falado numa outra perspectiva.

 

Como já foi seguramente dito no período em que íamos passar algum tempo a Alcaria Alta durante as férias de verão na escola, já havia anos que o meu avô tinha passado de cavalo para burro. A minha mãe recordava-me de quando em vez que no seu tempo de mais nova tinham duas vacas que levavam a pastar as 4 irmãs, ainda, dado que uma faleceu depois com vinte anos sensivelmente. Tinham também algumas cabras e algumas ovelhas e o meu avô tinha um cavalo (ou égua) e uma parelha de mulas. Como também já disse eu comecei as minhas idas a Alcaria Alta já no período asinino da vida do meu avô.

 

Esta morte da minha tia, falada acima, que não cheguei a conhecer senão pelas fotos esbatidas, algumas em castanho claro e outras em castanho avermelhado que estavam no quarto, foi uma ausência sempre sentida também por nós: no quarto onde ela faleceu, enviada para casa vinda do então Hospital da Misericórdia de Faro para morrer em família, guardaram-se sempre as garrafas de soro vazias, em vidro grosso naquela altura, assim do tamanho aproximado a uma garrafa de 33 cls de água, mas compridas e afuniladas nas pontas. Era um vidro grosso que manuseávamos com o maior cuidado e mesmo depois de falecidos os dois velhotes elas lá ficaram e não me parece que alguém as tenha deitado fora. Havia ali, apesar de tudo, uma recordação que ainda estava viva.

 

 

Leia este tema completo a partir de 12/3/2012

 



09/03/2012
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