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Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXIV - Por Daniel Teixeira - A nossa piscina

 

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXIV - Por Daniel Teixeira - A nossa piscina
 

Falar em piscina em Alcaria Alta, pelo menos na altura em que andei por lá jovem ou criança, seria introduzir uma neologismo no vocabulário local e depois do que vou escrever em seguida seguramente ainda hoje será considerado exagerado o termo.
 
Numa primeira vista, esclareça-se, porque piscina advém de peixes e muito pouco tem a ver com o actual sentido que lhe é dado maioritariamente. Por isso eu dizer que tínhamos uma piscina (várias, até) em Alcaria Alta não é totalmente um absurdo: não davam, na sua grande parte, para nadar (salvo alguns pegos mais resistentes à seca do verão) mas até os poucos que sabiam nadar, nós, os da cidade, não tínhamos assim uma tão grande apetência para a braçada.
 
Habituados à água salgada, mais «pesada» como dizíamos, era uma trabalheira enorme para nos mantermos à tona da água doce (levezinha) pelo que utilizando a sempre presente em qualquer idade lei do menor esforço ficávamos pelo «molho» a meia altura com mergulhos só da cabeça para alisar o penteado. Aliás ainda bem que não nos lembrámos de fazer isso, de andar a saltar de rochas porque os fundos eram bastante irregulares e surpreendentes.
 
Mas a nossa piscina, a piscina do dia a dia era um poço numa horta: dava-nos a água aí pelos ombros, sensivelmente, era extraordinariamente límpida antes da primeira entrada e descíamos e subíamos com a força dos braços. Juntávamo-nos três e quatro num espaço que acabava por se tornar exíguo e tínhamos direito a banho de lama de borla ao fim de dois minutos de termos entrado.
 
Estava este poço situado numa horta que ficava a seguir ao poço de baixo numa zona ainda sem denominação específica que me lembre mas que ficava próximo das Almargens: era só descer mais vinte metros e estávamos lá: no poço de baixo deixávamos as ratoeiras armadas com gafanhotos a fazer de isco e íamos ao banho.
 
O processo era demorado mesmo: bastava meia hora de banho para termos quinze minutos de segunda lavagem e enxaguamento num outro poço onde se tirava a balde o suficiente para desincrustar a areia, a lama e toda a sujeira natural que os bordos do poço iam debitando e se colavam sobretudo na parte mais visível que era o cabelo.

 

 

Leia este tema completo a partir de 20/8/2012

 

 

 



18/08/2012
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