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Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXVI - Por Daniel Teixeira - Denominações, poços e bolotas

 

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXVI - Por Daniel Teixeira - Denominações, poços e bolotas
 
Tínhamos (e temos em princípio) uma cerca que se chama do «Touril» que fica logo à entrada do Monte para quem vem pela estrada, é claro, do lado direito e antes de chegar ao poço da horta do senhor Manuel Tomás. Chamo-lhe de poço da horta para o distinguir do outro poço que agora é comum e que já foi pertença dos Tomazes, tal como consta já no Blogue Alcoutim Livre sobre a história da abertura de um poço comum. Se bem me lembro o que se disse na altura é que não se encontrava pessoal para aprofundar o dito poço aos valores que a autarquia pagava, pelo que consta em acta o reforço da verba.
 
Diga-se em abono da verdade que todo o dinheiro que fosse pedido para aprofundar um poço não seria seguramente demais naquela altura com as condições de segurança que devia haver, passe a possível grande experiência dos «técnicos» que na sua grande parte seriam meros curiosos com habilitação de experiência.
 
Já volto à cerca do Touril para dizer em que me baseio para dizer que aprofundar um poço não é petisco nenhum dado o risco que se corre. Fui testemunha ainda moço e devo dizer que fiquei tão frustrado e tive tanto medo como os restantes: punham-se as barras de dinamite, metia-se o rastilho e dava-se fogo. Depois era subir as escadas o mais depressa possível não fossem os tempos de rebentamento não serem respeitados por razões das mais diversas.

Essa possibilidade não era assim tão remota e devo dizer que no caso que presenciei nenhum rebentamento houve e tivemos que desistir depois de uma tarde inteira a subir e a descer escadas com mais umas corridas para tão longe quanto possível : eu e mais uns quantos como observadores e um outro, o mais velho e logo mais responsável, a meter o rastilho e a dar fogo ao mesmo. Este apagou-se sempre por mais que se limpasse a água no local, mas mesmo aí, passado o tempo normal de rebentamento mais uma margem larga, tínhamos de esperar um bom bocado, não fosse o rastilho reatar. Depois ia um espreitar cuidadosamente e só quando se estava certo que o rastilho estava a zeros é que se recomeçava, mesmo assim sempre com a suspeita de que poderia não se estar a ver bem.

Ora a cerca do Touril não tinha qualquer poço mas estava rodeada de poços por todos os lados menos nela: ao lado o senhor José Pereira tinha o tal poço que andava sempre a tentar aprofundar e que nunca correspondia às suas expectativas, logo atrás estava a zona da Valedégua de cima (com água relativamente abundante) e abaixo o tal poço da horta dos Tomázes. Numa área de cem metros sensivelmente havia pelo menos quatro poços. No Touril não!

 

 

Leia este tema completo a partir de 17/9/2012

 

 

 

 

 



13/09/2012
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