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...DA LOUCURA DOS HOMENS... - «O MURO»  - Conto de José Maria Oliveira

 Em tempos fora apenas um lugar escampado... um daqueles muitos ermos suburbanos que costumam ficar ao abandono, ou porque nunca foram de ninguém, ou porque pura e simplesmente a civilização cansou-se de passar por ali, e partiu para outras bandas.

Terra barrenta de malaquite arnosa gretada, por onde espreitavam de quando em vez agrestes rochedos de crómio, compartilhando o espaço com uma espécie de trepadeiras rastejantes, acastanhadas, que mais pareciam artérias torrificadas ao sol dum recém dissecado cadáver.

 Lá longe, na linha do horizonte, o astro rei, vermelho rubro de raiva, derramava os últimos restos de calor e luz sobre a paisagem.

 A meia encosta, vertendo sobre o mar, estendia-se um extenso muro com largos quilómetros a desaparecer ao longe, como cauda de serpente morta e há muito descarnada...

 O viajante aproximou-se transido pelo medo e pelo frio, que àquelas horas da tarde se começava a fazer sentir, mas o que mais o dominava era o temor sobretudo pelo arrepio que sentia na mórbida curiosidade que o levara a percorrer centenas de quilómetros, para ver «aquilo».

Desde criança que ouvira falar nesse sítio amaldiçoado, onde só alguns «desviados» ainda iam aparecendo, como que a cumprir velhas promessas de rituais esconjuratórios.

 Até os maiores delinquentes da Terra, que em tempos fizeram «estadia» obrigatória naquele local, tinham sido despenalizados das suas penas, após longas lutas com o governo das nações, para os transferirem, nem que fosse para o inferno.

Talvez por isso mesmo que as únicas ruínas que por ali jaziam pertencessem a uma velha cidadela penitenciária, que albergara, em tempos, uma população de quase um milhão dos piores facínoras do planeta, sem contar com uma boa centena de milhar de funcionários prisionais, famílias, comerciantes, proxenetas, rameiras, etc..

Leia este tema completo a partir de 25/6/2012