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Eu e a A - Reflexão de Michel Crayon

 

Eu e a A - Reflexão de Michel Crayon

 

Hoje, eu e A resolvemos que deveríamos pôr tudo em pratos limpos. Decidimos, espontaneamente, que estava na altura de conversarmos a sério e esclarecermos tudo. Há dias, bastantes dias, que andamos a implicar um com o outro e isso fez-nos supor que havia algo que queríamos gritar um ao outro e que não tínhamos feito.

 

Fui, eu mesmo buscar um pacote de amendoins à cozinha, trouxe um tabuleiro de pequeno-almoço, abri o plástico pela costura e deitei o conteúdo numa metade do tabuleiro, ajeitando com as mãos de forma a que eles ficassem restritos a essa metade. A outra metade ficou ali, vazia, para as cascas.

Pedi a A que escolhesse o sítio onde queria que conversássemos e ela preferiu o sofá em frente à televisão. Eu teria preferido sentar-me numa cadeira, pousar o tabuleiro ao meio da mesa e ficarmos em frente um ao outro. Teria também oportunidade para escrever, caso fosse necessário. O bloco estava mesmo ali, ao lado do telefone, e o copo com as esferográficas apontando para o tecto funcionava como um atractivo.

 

Podia haver qualquer coisa para anotar, gosto muito de ir escrevendo as palavras que mais me marcam e que funcionam como um lembrete nestas ocasiões. Se A se repetisse nalgum aspecto mais importante ao longo da conversa eu poderia sempre ver a palavra, lembrar-me por inteiro do que A tinha dito e poderia sempre dizer-lhe: «Já falámos disso há bocado!!» - e dissemos, tu e eu, que era assim ou que deveria ser assim.

 

Essa conferência de versões normalmente resultava em nova retomada do assunto ocupando espaço na variedade a discutir mas era sempre um ponto de partida para aprofundamento de uma questão que tinha passado ao crivo da profundidade.

 

Mas A preferiu ficar sentada a meu lado, em frente à Televisão e depois não me admirei muito que A pegasse no comando e metesse na nossa visão a Mtv. O ruído foi logo ensurdecedor e eu pedi-lhe que baixasse o som. A fez de conta, penso eu, que não me tinha ouvido e o som continuou no mesmo volume.

 

Não faz mal, disse para mim mesmo: Espero que venha uma música mais lenta e depois pergunto-lhe qual o assunto por onde quer começar...e por isso estendi o tabuleiro com os amendoins entre nós, pois que o sofá tem três lugares e nós só éramos dois.

 

Leia este tema completo a partir de 18/07/2011

 

 

 

 

 



17/07/2011
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