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Exorcismo – A angústia de Vlad - Conto de Roberto Kusiak

 

Exorcismo – A angústia de Vlad - Conto de Roberto Kusiak

 

 Levei um choque ao vê-lo naquele estado, quase inerte em cima de uma cama, debilitado, tossindo sem parar, o corpo tremendo com os calafrios constantes, tentando puxar a vida para dentro dos pulmões e a montanha de remédios no criado mudo ao lado da cama. Um filme começou a rodar na minha memória.

 

Quando Osmar chegou aqui, franzino, recém saído da academia de polícia, nos anos noventa, veio para comandar o Segundo Pelotão. Usava bigode estilo Village People, óculos BL, meio cafajeste, mascando chiclete e fumando sem parar, ficamos apreensivos.

Ninguém conhecia o Tenente Osmar, não sabíamos como era seu sistema de trabalho. Se ele seria mais um covarde que arrotaria ordens e correria na hora do estampido, como a maioria dos outros, ou aconteceria um milagre.

 

O militarismo sufocava a Constituição. Praticamente éramos escravos do sistema, sem folga, sem hora extra, sem fim de semana. Um espirro no lado da pessoa errada e já estávamos presos. A cúpula da polícia promovia, todo final de semana, churrascadas e beberagens com o dinheiro que deveria ser utilizado para alimentar a tropa. Arrotavam ordens estúpidas e ficavam atrás dos birôs, com a bunda criando calo de tanto esfregar nas cadeiras.

 

Fazia quatro anos que eu estava na polícia. Vim transferido da região noroeste do estado. Estava me adaptando ao ritmo totalmente diferente desta cidade. Outro povo, outra cultura, outro ritmo. O sistema de trabalho era totalmente diferente. Faltava garra para os colegas. Alguns eram tão covardes que sequer tinham coragem de entrar em alguns bairros que consideravam violentos, somente o Pelotão de Choque se arriscava.

 

Foi então que pedi para o Tenente Osmar para trabalhar em um posto policial, dentro de uma escola num destes bairros, afastado da cidade, esquecido pelo poder público e adotado pelo crime.

A maconha era a droga em alta, se propagava feito erva daninha no pasto. Foi nesse bairro, dias antes, que uma dupla de covardes usando farda chamou apoio para resolver uma situação dentro de um bar.

 

Leia este tema completo a partir de 30/7/2012

 

 



28/07/2012
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