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FIGURAS POPULARES - O NEGRO CAEIRA - Por Arlete Deretti Fernandes

 

FIGURAS POPULARES - O NEGRO CAEIRA - Por Arlete Deretti Fernandes 

 

Toda cidade tem seus tipos bizarros, personagens tão populares, tão conhecidos e tão falados, que já não mais se pertencem. Conheci alguns destes seres na terra onde vivi minha infância. Criaturas, ora de aspecto trágico, ora de aspecto cômico, mas quase sempre caricaturais.

 Quero prestar a minha homenagem a estas pessoas que conheci e sobre as quais me pergunto:

 

- Que motivo os levou a escolherem o gênero de vida que levaram? Que sentimentos pulsavam em suas almas? Não tiveram família? Não amaram ninguém? Não sentiam saudades, nem angústia, nem tristeza?

 

O Negro Caeira foi um destes seres, que se remete a um trecho de poesia do nosso grande poeta Castro Alves: «...o sono dormido à toa, sob as tendas da amplidão».

Caeira dizia ser natural de Timbé, no litoral catarinense. Por mais de 40 anos foi visto a perambular pelo vale do Itajaí, mas sempre preferia Apiúna para longas pousadas, pois ali se encontravam seus maiores amigos. Era conhecido de todos, principalmente da criançada.

 

Causava uma alegria imensa quando aparecia pela estrada cantando canções típicas, levando a tiracolo um cobertor velho e tendo amarrada uma palha de milho na junta do pé. Não dava importância ao dinheiro. Meu pai, classificava-o como «um hippy a seu modo...»

 

Todos lhe davam roupa e comida. Gostava de cachaça, que lhe era dada para vê-lo cantar. Um terno, conservava-o no corpo até cair os pedaços. Sabia que depois recebia outro dos amigos. Nunca dormia em cama. Pousava em rancho ou mesmo ao relento, com uma fogueirinha acesa ao lado, e não adoecia. Não pronunciava palavras de baixo calão. Contava fatos e histórias lendárias referentes à sua pessoa.

 

Ele nunca foi maltratado nas suas perambulações. Algo que me chama muito a atenção. Naquela época não havia violência contra seres humanos inocentes, como aconteceu há alguns, não muitos anos atrás.

 

Lembrei-me dos adolescentes e jovens de classe alta, de Brasília, que derramaram gasolina sobre um pobre índio Pataxó, que veio à Capital Federal receber uma homenagem em nome de sua tribo e que dormia em um banco da praça. Pelo mórbido prazer de ver uma fogueira humana.

 

Leia este tema completo a partir de 24/9/2012

 

 

 

 

 



22/09/2012
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