Fora, Satanás: O DEUS DA MINHA ALDEIA
Fora, Satanás: O DEUS DA MINHA ALDEIA
João Bénard da Costa dizia que acreditava na ressurreição porque a tinha visto acontecer num filme de Carl Dreyer.
O tema não pode ser abordado impunemente no cinema sem passar por A Palavra (1955), o clássico dos clássicos, a obra maestra. Tal pode ser feito de forma mais ou menos declarada.
O mexicano Carlos Reygadas assumiu a citação em Luz Silenciosa (2007), uma grande obra do cinema recente, sobre o México. Bruno Dumont não o faz de forma explícita, até porque a religião é um dos temas prediletos da sua curta filmografia, desde que, em 1997, se estreou com A Vida de Jesus (1997).
Aqui há um jogo perverso com o espectador, de acreditar no inacreditável, fazendo-nos questionar se o objetivo último de Drunmond, ao abordar a religião, não será destruí-la, em vez de a erigir.
Isso parecia já evidente em Hadewijch (2009), seu filme anterior, em que se emaranhava na perspetiva do outro, para explicar o caminho para o fundamentalismo. Aqui, seguindo preceitos menos rígido, descobre um universo bizarro, para dar razão ao absurdo. Como quem diz, os doidos estão certos. Ou se quisermos trata-se da divinização do diabo, uma espera de santo demo, dono de uma espiritualidade transviada.
Fora, Satanás é feito de personagens sórdidas que se confundem com a paisagem agreste da Côte d'Opale, em Pas du Calais. Aliás, o próprio realizador é o primeiro a admitir que o argumento partiu da paisagem. E há ali uma ligação ao primeiro filme: conta a história da eremita que se avista em A Vida de Jesus.
Leia este tema completo a partir de 13/8/2012
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