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God saves the little Elza - Crónica de Abílio Pacheco

 

God saves the little Elza - Crónica de Abílio Pacheco
 

Ano passado disse que todo ano iria escrever sobre um ex-professor por ocasião do dia 15 de Outubro. A crônica sobre o Mestre Honorato (2010) trouxe-me bons e inesperados frutos. Além de algumas surpresas e aprendizados.

 

A literatura sempre foi uma forma de levar as pessoas a tantos e tão diferentes lugares; com a internet isso tomou outra dimensão, incontrolável. Curioso é que a crônica sobre meu professor de elétrica é a mais acessada neste meu site e é a que mais resultou em comentários fora da net.

 

Eu que sempre escrevi literatura ficcional, pouco me havia preparado para a literatura sobre pessoas vivas mesmo. Como é o caso da crônica. Talvez por isso fique pouco à vontade para escrever sobre a outra professora que comento en passant no texto do ano passado e opte por escrever sobre uma professorinha da minha querida Coroatá, interior do Maranhão.
 
A escolha também tem outro motivo. Ao dizer na crônica do ano passado que dois professores logo saltaram a minha lembrança, não me dava conta que dias depois muitos outros iriam emergir. Inclusive às queixas. Não, leitor curioso, nenhum me pediu ou cobrou crônica, fui eu mesmo que terminei por colocá-los vivos e falantes na minha memória.

 

Afinal, pus-me no lugar deles. Como eu iria me sentir se preterido… A profissão tem lá seu quê de afetivo, afeiçuoso. Daí, zelos e gelosias. Por isso, reporto-me a minha longínqua e presente Coroatá, onde tive apenas dois professores (no rigor termo, no estrito). Um deles dava-me aulas num antigo chiqueiro de porcos e só me recordo das palmatórias e do nome que hoje uso para lembrar dele: Juvêncio. A outra era a tia Elza, a pequena tia Elza.
 
Não. Ela não professora de inglês. Era alfabetizadora. Destas muitas que tem pelo Brasil desbravando matagais, abrindo veredas, tangendo pedras e seguindo em caminhos hostis que são as cabecinhas tolas desses cidadãos pueris. Vá lá que ensinar o gênero textual (essa coisa aí bonita da Linguística) seja algo deveras útil para o aluno no seio da via social.

 

Mas, dá cá esta palha, ensinar a juntar consoantes e vogais para fazer sílabas; rabisco sonoro com rabisco sonoro igual a outro rabisco sonoro – ou debuxo ruidoso… Isso, mano velho, quem vai passando pela estrada asfaltada e chã parece que esquece o quanto teve de gente abrindo picada, amansando pedras e orientando asfaltos. Cada pedágio que pagamos pelas Dutras da vida deveriam reservar bons quilhões para quem foi de fazer juntar o «bê» com o «a».

 

Leia este tema completo a partir de 24/9/2012

 

 

 

 

 



23/09/2012
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