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Inesquecível experiência. - Por Arlete Deretti B. Fernandes

 

Inesquecível experiência. - Por Arlete Deretti B. Fernandes
 
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração.
Vladimir Maiakóvski

Evelin colocou o fone na bolsa e apertou o botão do elevador. Quando a porta abriu, entrou, como sempre, olhando seu reflexo no espelho. Tinha 40 anos, e como parecia que tinha completado 30 apenas dias antes, era forçoso presumir que estaria com 50 num piscar de olhos.

Isso a deprimia, ela se imaginava nos 60 ou mais, trabalhando do raiar ao anoitecer, conversando com os passarinhos, gatos e cachorros da vizinha. Lá fora a noite estava linda. O céu ametista conferia a tudo um brilho rosa-pérola. Caminhava depressa pela rua, sem olhar para ninguém.

As malas teriam que estar prontas em cinco dias. Estava com o contrato assinado na universidade. Iria passar alguns anos num Estado do norte, onde a Faculdade era recém - inaugurada, e como não havia professores formados na região, o Prefeito e os fazendeiros fizeram um acordo para que seus filhos pudessem estudar. Ia ser uma experiência e tanto para todos os 28 professores.

Eve, como a chamavam, entrou num bar onde fora encontrar-se com um amigo. Tom a esperava tomando um drink.
- Irás para uma terra na selva. Há mosquitos, micuins, carrapatos, borrachudos e moscas do berne, disse ele.
- Que beleza, já é um grande estímulo!
- Já ouviste falar no Candiru? Mas, não é assunto para damas!
- Pode contar, já acostumei-me à crueza das coisas naturais!

- Ele vive em alguns rios do norte. Se saíres para um gostoso mergulho matinal, ele entra pela sua vagina ou pelo ânus, abre uns espinhos e se prende! Aí, tem que procurar urgente um cirurgião.
Eve riu alto.
-Tenho certeza de que vc. já ouviu falar tudo sobre as piranhas, os poraquês, sucuris e este tipo de coisa. As pessoas exageram muito sobre eles. Mas, tomem cuidado com o macaco - aranha.

 

Despediram-se rindo.

Viajei antes de Eve. Estava ansiosa e ao mesmo tempo preocupada. Depois de descer no Aeroporto Val de Cães, em Manaus, esperei o avião de um fazendeiro que veio me buscar.
- Muito prazer, eu sou Teodoro. Fez boa viagem, professora? Deseja comer algo?
-Obrigada, as refeições do avião foram-me suficientes.

Teodoro era um homem forte, alto, barbas grisalhas, botas.
Acomodei-me no avião, Teodoro pilotava.

 

Leia este tema completo a partir de 15/8/2011



14/08/2011
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