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Jasmim - Por Virgínia Teixeira

 

Jasmim - Por Virgínia Teixeira

 

 Aquela casa cheirava a jasmim. A escuridão do interior não a assustou tanto quanto previa, mas rapidamente abriu as porteiras das janelas. Exalava aquela magia que só as casas antigas têm. Parecia ouvir-lhe os murmúrios, talvez histórias contadas em surdina, instantes que aquelas paredes tinham saboreado ao longo dos tempos, ou apenas a brisa que gemia pela madeira velha.

 

Depois de abrir a porta pesada, empurrara para dentro a sua cadeira de baloiço, onde costumava ler e recordar. Colocou-a perto da lareira, logo em frente à porta, e andou pela casa a abrir as janelas, dando-lhe a alegria que faltava ali, deixando passar pelas suas pernas o cão, um rafeiro farrusco que se enroscava nos seus pés à noite, e que farejava ansioso o novo lugar.

 

 A casa era pequena, parecia-lhe certo só fazer caber ali a si e às memórias que trazia. A lareira, encrostada na parede - mãe, que se erguia por toda a altura, era a alma da casa, recebia quem entrava com aquele encantamento que as chamas a crepitar sempre provocam. A mulher que lhe vendera a casa teimara em que ela devia mudar aquilo, usar uma daquelas que se acendem com um simples botão. Mas ela preferia assim, a lenha a crepitar.

 

à direita, três degraus levavam a um pequeno corredor, uma saleta acanhada para receber as poucas visitas que passassem por ali. Seguindo por aí chegou, lá bem ao fundo ao quarto. Deixou em cima da cama a mala que trazia ao ombro, abriu a janela e saiu até ao jardim, pensando em que plantas cultivar naquela terra, para lhe alegrarem a vista todas as manhãs. Depois voltou a entrar e regressou pelo pequeno corredor.

 

Antes de chegar à saleta encontrou a outra porta, a da divisão cheia de azulejos, com a banheira limpa com que estivera a sonhar toda a manhã. Na ponta da divisão uma outra porta levava a mais uma saleta, como quase tudo, sem paredes que só diminuiriam a casa, já de si pequena. Aí deixaria o aparelho de som, e deitar-se-ia no sofá embutido a olhar pela janelinha estreita que deitava para os montes ao longe.

 

 Leia este tema completo a partir de 11/6/2012



10/06/2012
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