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João Vaz já tem casaco - Crónica de João Furtado

 

João Vaz já tem casaco - Crónica de João Furtado

 

 Os últimos anos não foram dos piores, mas também não poder-se-iam afirmar que eram cor de rosas. Dava para comer e tinha alguma palha que servia para dar aos animais. Já tinham havido muitos outros anos piores. Os melhores anos serviam para que se pudessem casar, baptizar e crismar os filhos. Quem os pudessem fazer. Os outros contentavam com a esperança de que o próximo ano seria melhor e poderiam realizar os seus mais íntimos sonhos.

 

Até para morrer o felizardo era aquele que morresse pelo menos num ano igual ao que era aquele. Tinha a esperança de saber que a sua morte seria chorada e que as inesperadas visitas teriam o mínimo para comer durante as cerimónias fúnebres. Se bem que uma certeza levava. Todos iriam chorar as suas mortes. As mulheres os seus maridos. As filhas as suas mães. As irmãs os seus irmãos. As mães os seus filhos. As comadres os seus compadres. As amantes e rivais iriam aproveitar para se exporem as suas desavenças acumuladas.

 

Os parentes e familiares também iria aproveitar para se posicionarem e se darem a conhecer todas as pequenas mágoas do dia a dia. Mas o funeral seria digno dos anais da história, embora ele, a figura principal, pouco se destacaria.

 

A casa era a peça fundamental. Ninguém poderia sair das barras da saia da mãe, sem ter o seu funquinho (1) . Ainda que o mesmo funquinho servisse para cobrir a cabeça e deixar a chuva e vento o corpo. Bem, a chuva… era um bem quase esquecido. Embora os últimos anos não se pudesse afirmar a total ausência dela, mas também não se podia dizer que a bonança tinha enfim visitado as Ilhas. Todos tinham seu funquinho sim, «quem casa quer casa» não era apenas um adágio popular na Ilha, era uma realidade.

 

Não poder-se-ia afirmar era que as casas eram efectivamente casas. A maior parte delas de casas só tinham nome, mas enfim eram casa. Algumas pedras sobrepostas e cobertas de palhas. A maioria, por dentro, se tanto a sala era calcetada.

 

Leia este tema completo a partir de 6/8/2012

 

 

 

 

 

 

 



03/08/2012
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