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Jornal Raizonline nº 123 de 06 de Junho de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Valor da abstenção eleitoral vai de record em record

 

Jornal Raizonline nº 123 de 06 de Junho de 2011 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Valor da abstenção eleitoral vai de record em record

 

O «Partido» mais votado em Portugal hoje, a confirmarem-se os números, é o «Partido Abstencionista» com 38 a 45% dos votos. Preocupante? Sim, para os políticos é com certeza, para o povo português penso que não: entre os concorrentes com hipóteses de vencerem venha o diabo e escolha, terão dito muitos e têm vindo a dizer desde há largos anos para cá.

Não me preocupa muito que se fale da fiabilidade dos cadernos eleitorais, aliás, interessa-me sim, se quisermos, saber porque razão, ou com que razão, se fala da possibilidade de haver nos ditos cadernos inscritos eleitores que em principio não deviam (segundo estes génios da argumentação) lá estar.

Poderá haver alguns certamente, vitimas dos processos burocráticos que fazem com que pessoas de igual nome faleçam sem ter falecido ou dada a décalage entre os tempos de preenchimento dos cadernos e os eventos nefastos num caso ou simplesmente de mudança de endereço que implique movimentação entre Freguesias.

De qualquer forma como as coisas estão até a «olho» é possível fazer eleições, eleger pessoas, pagar ordenados «curtinhos» para que algumas pessoas exerçam cargos relativamente importantes e friso e acentuo, o relativamente.

Pelo caminho que a coisas levam guardo em mim a imagem daqueles candidatos, normalmente apontados como excêntricos, e que nalguns países sobem para cima de uma caixa de sabão e arengam a potenciais votantes que em princípio só existem na sua cabeça. Não estamos longe de ver esta singular imagem com alguns dirigentes partidários a pregar, verdadeiramente no deserto.

O descrédito na classe política não se deve como será claro aos votantes que não votam mas sim à constatada frustração de alguns (muitos) que chegaram à conclusão que votar ou não votar é praticamente igual. E é justo perguntar se eles (esses) não terão razão...porque na verdade a vida continua. Mal, certamente!

Contudo a abstenção, sendo em princípio um acto passivo (em princípio) deixa fora do sistema um numero cada vez maior de cidadãos e talvez fosse tempo de se começar a pensar que muitos desses alegados «votantes passivos» podem ser muito bem votantes activos, desenquadrados do sistema, remoendo as suas frustrações, durante quanto tempo não se sabe.

Há um cientista / filósofo (Kuhn) que simplesmente resolveu repetir aquilo que já era conhecido há muito: há coisas (no caso dele teorias e ciências) que acabam por implodir devido à sua impossibilidade de se mostrarem e exercerem de forma válida as funções que lhes são atribuídas.

Sabe-se também que implosão que referi (e que refere o Kuhn) normalmente não tem lugar sem que haja alternativa: aqui, as pessoas tal como a natureza têm horror ao vazio e preferem por falta de alternativa credível viver com aquilo que está em vias de implodir de facto mas que já está «implodido» em termos potenciais.

Talvez seja ainda hoje o que safa estes sistemas e lhes permite viverem alegremente a na sua vacuidade...     

 

Leia este tema completo a partir de 06/06/2011

 

 



06/06/2011
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