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Jornal Raizonline nº 165 de 9 de Abril de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - A cultura da memória

 

Jornal Raizonline nº 165 de 9 de Abril de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - A cultura da memória

 

Não há muitos anos uma militante de um partido político dizia-me com alguma frustração que não estava de acordo com a escolha da altura do Secretário Geral do seu Partido de sempre e contrapunha que o anterior era uma pessoa extremamente culta, uma personagem que prestigiava o seu partido e só não me disse mas eu calculei que se lhe perguntasse ela me responderia que, mesmo que essa personagem culta não mexesse uma palha era sempre «melhor» que aquele que cuja escolha ela contestava.

 

Não estava nem estou envolvido em coisas da política mas quase de chofre respondi seguindo a minha cultura que considero razoável: quando as coisas vão mal, nada melhor que regressar às origens, recolher nas origens aquele saber de prática feito, preencher com memória aquilo que pode estar em falta.

 

Não porque entendesse ou entenda que tudo depende da memória, mas entendo isso sim, que a verdadeira forja dos homens é um instrumento que tem no tempo, no saber adquirido, o seu instrumento máximo. Tempos depois li que o antropólogo Claude Lévi - Strauss tinha defendido o saber espontâneo das populações e tinha liminarmente dito que os usos e costumes que tinha estudado em casos concretos em populações primitivas tinham uma estrutura coerente e «cientifica» na sua percepção: quer dizer, mesmo sendo uma cultura primitiva para os não primitivos como ele a sua adaptabilidade aos grupos que estudou estava conforme com processos racionais apesar da sua aparente irracionalidade.

 

Não pretendo através destas palavras fazer tábua rasa do conhecimento científico e académico, mas lembro-me que Hipócrates é considerado o «pai» das metodologias científicas porque, entre outras coisas, anotava, escrevia as suas experiências médicas. Para quê? Ora dentro do que estou a desenvolver só se pode entender que ele o fazia porque dessas notas retirava ensinamentos que tratavam casos presentes e lançavam bases para a catalogação de conceitos gerais.

 

Houve depois a definição entre a técnica e a arte resumida mais ou menos assim por Aristóteles: se Hipócrates cura vários indivíduos que apresentam os mesmos sintomas com a mesma forma de tratamento isso é técnica mas se Hipócrates cura um ou vários indivíduos que apresentam sintomas diferentes com técnicas diferentes resultantes de um saber adquirido pela técnica, então isso é arte.

 

Embora se fale de tempos bem recuados num caso e noutro uma coisa e outra (a técnica e arte) aparecem interligadas não numa relação directa mas de uma forma que faz pressupor a presença de um raciocínio coerente baseado em factos materiais ou acontecidos e constatamos a presença da famosa ilação ou da menos popular especulação. De notar que especular vem de espelho e que se trata resumidamente e de forma sumária de ver as coisas reflectidas = espelhadas, breve ver as coisas numa outra perspectiva, ainda de forma resumida (muito mesmo).

 

Leia este tema completo a partir de 9/4/2012

 



09/04/2012
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