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Jornal Raizonline nº 168 de 30 de Abril de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Cultivar

Cultivar muitas vezes não quer dizer necessariamente semear, cuidar e colher: pode muito bem referir-se apenas ao tempo em que se cuida, entendendo que por vezes para cuidar é necessário semear e nem sempre é necessário colher. Uma planta ornamental por exemplo é cultivada, na parte que se nos refere, por exemplo apenas e só através do cuidar.

 Ela por si mesmo se desenvolve na medida do nosso cuidado, ou perece na medida do nosso descuido do seu cuidar ou por razões ambientais ou outras que nos ultrapassam. Claro será que neste último caso, das plantas ornamentais, por exemplo, em rigor nós não as cultivamos embora façamos a nossa parte no processo do cultivo.

 Eu entendo o cultivar como o processo completo, desde a nascença até à morte, se for o caso da nossa longevidade poder ser superior ao da coisa cultivada. Mas mesmo neste último caso o processo de finitude da coisa está sempre implícita nas nossas atitudes perante essa coisa.

 Aqui no Algarve existe em relação a uma árvore, pelo menos, uma tradição na zona do Barrocal Algarvio (barrocal é a zona intermédia entre o litoral e a serra): os pais cultivam alfarrobeiras, neste caso, para os filhos. Nem de outra forma poderia talvez ser porque entre o nascimento da árvore e sua produção efectiva de alfarrobas vai um longo período que nem vale a pena referir aqui, basta que se fique com a ideia...

 Assim, embora se saiba que não se vai assistir ao nascimento do primeiro fruto da árvore que se plantou, planta-se na mesma. Para os filhos, diz-se, ou para quem vier depois, prevendo o caso de os filhos enveredarem por outros caminhos.

Leia este tema completo a partir de 30/4/2012