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Jornal Raizonline nº 186 de 3 de Setembro de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (VII) - O medo dos extraterrestres

 

Jornal Raizonline nº 186 de 3 de Setembro de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira -  As minhas memórias mais próximas (VII) - O medo dos extraterrestres
 
Amos Oz, um escritor israelita, participante em associações e activista da paz na Palestina tem uma famosa parábola que é, sumariamente, «Uma mulher à janela» onde o âmago da questão está no facto de essa mulher, e outras mulheres, (refere-se às mulheres palestinas e às mulheres israelitas) não saberem, sendo vizinhas, as razões da disposição boa ou má de cada uma delas quando se assomam à janela e se vêm entre si.
 
Esta parte está escrita de uma forma muito sumária (o Amos Oz merece seguramente melhor) mas esta parte deste autor tem algumas semelhanças com aquilo que era corrente utilizar-se como terminologia durante a guerra fria. Russos e Americanos tinham entre si um muro (virtual, neste caso, não é o outro, o de Berlim) e por efeito desse tal de muro virtual, não sabiam aquilo que um e outro faziam e, logo, suponham os cenários mais complexos e de uma forma geral (apesar dos avanços da espionagem) aquilo que o outro fazia era sempre mau e destinado a prejudicar o outro.
 
Acredito que um conjunto de razões levasse as pessoas a pensarem assim, afinal era uma guerra, mesmo servida fria e as ameaças reais ou imaginadas eram, pelo menos possíveis. Vamos dar este benefício da duvida, chamada de razoável e vamos pensar em Amos Oz de novo: as mulheres, neste caso entende-se como sendo as cuidadoras do lar, não no sentido doméstico típico, mas nesse sentido num ambiente de ameaça real ou imaginaria constante, cuidadores e protectoras da progenitura, vigilantes da paz no seu ambiente que não se resumia exclusivamente ao lar mas também à envolvente próxima, tinham todas as razões, ao que se supõe, para viver em ambiente de tensão e para não apresentarem uma cara muito sorridente quando assomavam à janela e viam a cara de uma vizinha do outro lado da barricada. Mas também podiam estar com dores, com gripe, cansadas do trabalho, zangadas com os maridos por razões do foro mais interior, enfim...é mais ou menos isto que Amos Oz dá pelo menos a entender.
 
Ora, se as pessoas conversassem: se dissessem «olhe vizinha, estou com uma dor de dentes terrível!» talvez a outra lhe aconselhasse uma mezinha, lhe desse o nome de um medicamento que usasse habitualmente em casos semelhantes, enfim...acho que já me fiz entender.
 
Ora numa povoação algures no Ceará, o artigo está aqui, apareceu um bicho (alegadamente é só um) que se dedica a matar os animais domésticos e, «os deixa sem uma pinga de sangue» (sic). A opção por considerar o atacante como uma extraterrestre aparece não sei bem como numa povoação cujos antecedentes não apontam para uma assumpção desta ordem.

 

Leia este tema completo a partir de 3/9/2012

 

 

 

 

 



03/09/2012
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