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Letícia Palmeira - O exílio de linski - Conto de Letícia Palmeira

 

Letícia Palmeira - O exílio de linski - Conto de Letícia Palmeira

 

 
 
Breves palavras preenchiam o pequeno pedaço de papel. Escreveu como se estivesse com pressa. Dizia: «Chegarei ao meio-dia. Teremos tempo». Minhas mãos tremiam enquanto eu observava aquelas palavrinhas que, por muitos dias, tentei analisar. O manuscrito se tornara gasto de tanto que eu o abria e o fechava.
 
 
 
Cheguei a colocá-lo na porta da geladeira preso por quatro imãs em forma de maçã. E, sempre que eu passava pela cozinha, eu lia e relia e parecia estar ouvindo a voz de Linski. Eu repetia em voz alta o que ele havia escrito. Ah, como me senti imponente.
 
 
 
Então chovia e era sol. O dia estava maravilhosamente combinativo ao meu estado de espírito. Desde que recebera a correspondência, planejei todo o trajeto deste dia que é hoje. Mudei os móveis de lugar. Comprei livros. Arrumei a velha escrivaninha onde Linski costumava passar horas deleitando-se em palavras.

 
 
Era meu triunfo vê-lo sentado debruçado sobre seus papéis. Era seu estado criativo, costumava dizer. «Há horas em que preciso ficar sozinho».

 
 
Ele me dizia todas as coisas em seu tom imperativo. Eu o servia de chá e café. Fazia de tudo para que nada perturbasse o silêncio de Linski. E agora ele está de volta. Quantas horas irá ficar? Suspiro. Meu êxtase é imenso e sinto-me invencível. Posso sorrir.

 
 
A bem da verdade, desde que recebi a correspondência, um alardeante sorriso movimenta minha face. Decidi não esconder minha alegria. Afinal, chegara o tempo de rever Linski e eu precisava celebrar sua companhia. Era como se ele já estivesse aqui.

 

 

Leia este tema completo a partir de 2/7/2012



29/06/2012
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