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Numa aldeia perto d'aqui há dois anos que o povo luta - Texto de Gociante Patissa (in arquivo Huambo, 30 de Outubro de 2005)

 

Numa aldeia perto d'aqui há dois anos que o povo luta - Texto de Gociante Patissa (in arquivo Huambo, 30 de Outubro de 2005)

 

 Para lá do asfalto, a menos de 95 quilómetros dos Hummer’s, dos Jeeps Vx, dos Toyotas Rav4, um pouco distante dos concursos de «Miss», existe uma «Ombala» chamada Tchiaia.

 

Quase perdida em arbustos, fica a quarenta minutos a pé no sentido leste da via do Samboto. é a sede de cinco aldeias, nomeadamente, Pedreira, Kandongo, Samangula, Kawio e Tchiaia, todas elas pertencentes à comuna do Sambo, município do Tchikala Tcholohanga, província do Huambo.

 

Lá onde os telemóveis são só brinquedos dos adultos visitantes, onde a energia eléctrica só está na memória de alguns que conhecem, quando muito, a sede da comuna, as crianças têm um sonho: o de receberem enxadas e sementes para sustentarem suas famílias.

 

 A aldeia ressurgiu há dois anos e carece de quase tudo: desde à alimentação, serviços básicos de saúde, acesso à educação e ensino, até ao apoio na actividade agrícola – a principal fonte para o auto-sustento.

 

Entre os populares, há os retornados da Zâmbia, alguns são viúvos, outros velhos incapacitados e boa parte das crianças é órfã. O apoio do PAM terminou em Maio último enquanto que as últimas chuvas com granizo destruíram as plantações.

 

 Hoje, o sustento das famílias, cuja dieta forçada é a batata-doce, é uma responsabilidade partilhada com a própria criança logo que completa 11 anos. Vive-se do cultivo e do fabrico de carvão. O ganho diário pelo biscate no campo é 200 Kz por adulto e 150 Kz quando se é mais jovem; já no carvão, uma criança pode fabricar até cinco sacos de cada vez.

 

«Mete-nos até vergonha ter de pedir ajuda, nós que sempre fomos um povo trabalhador», desabafou um adulto.

 

 Desde cedo, as crianças dominam a auto-medicação usando raízes silvestres. é a alternativa face à inexistência de um posto de saúde e à escassez de dinheiro para pagar um enfermeiro particular pelo tratamento.

 

«Quase todos os recém-nascidos faleceram este ano, só na sede da Ombala. Até agora, o número total é de 17 óbitos, dos zero aos 2 anos e meio», revelaram alguns líderes da comunidade. A fonte de água para o consumo é um dilema: todo o mundo sabe que é antiga e tem bichos, incluindo cobras, mas não existe outra alternativa.

 

Leia este tema completo a partir de 28/5/2012

 

 



25/05/2012
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