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Poemas de Conceição Bernardino - Deixa-me ler-te à luz da vela; Etiópia, a última ceia; Ratos de sacristia

 

Poemas de Conceição Bernardino - Deixa-me ler-te à luz da vela; Etiópia, a última ceia; Ratos de sacristia

 

 Deixa-me ler-te à luz da vela

 

No deserto do tempo impune
 Arranquei labaredas dos teus olhos
 Sem saber se as algas
 Que me salgavam o rosto
 Tinham o mesmo sabor frio
 Das mazelas que pintei no teu corpo

 

Etiópia, a última ceia

 

 Aperta-me as mãos, estão geladas
 ainda que não as sintas, aperta-mas,
 são elas que carregam o pão, da última ceia
 deste ventre inchado, onde as moscas acasalam
 na aresta da lágrima que desenha os meus olhos.

 A vida escoa-se, a viagem dilata-se
 entre a correria apressada dos corpos
 onde os oceanos são feitos de terra amarelecida

 

Ratos de sacristia

 

 Os vermes sacodem os despojos na sacristia
 roem a hóstia
rezam uma ave-maria
 rastejam nos pregos de Cristo
 suplicam amnistia

 Ao longe uma placa
 (Deixe aqui a sua esmola)

 Os ratos correm apressados

 

Leia este tema completo a partir de 28/5/2012

 

 



27/05/2012
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