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Poesia de Abílio Pacheco - No Prelo; Escritura; Tessitura Noturna

 

Poesia de Abílio Pacheco - No Prelo; Escritura; Tessitura Noturna

 

 

No Prelo

 

 Se a minha palavra é a minha busca
 de uma vida inteira, em todo mundo
 e ela dorme encantada à sombra
 de um livro raro, quiçá
 encontrá-la-ei num alfarrábio,
 num sebo, numa biblioteca pública...

 

Escritura

 

 A Eliton Moreira e Ademir Braz

 

 Tecer versos é, por força, fazer sulcos em penedos,
 Singrar as pedras todas do mar de si ao avesso,
 Derramar suores em gotas no fero vigor do remo.
 é ferir, à quilha da fragata, as artérias espumosas
 Das altas internas vagas. é navegar por entre as rochas
 E extrair exangues lascas — vergões por dentro e por fora.
 é talhar a cerrados pulsos as pedras finas, mas duras.
 E lapidar relevos pulcros em fendas pouco profundas.
 é um árduo trabalho infruto, que só lega palmas sujas.
 Mas é preciso fazê-lo! Alguém deve abrir as ostras

 

Tessitura Noturna

 

 A João Cabral de Melo Neto

 

 Um latido apenas
 não protege a rua
 ele precisará sempre
 que os cães o apanhem
 e o lancem a outros cães
 e a outros latidos
 tal que somados todos
 (latidos e cães) na noite
 formem (no arcabouço
 da matilha)
 uma redoma protetora

 

 

Leia este tema completo a partir de 24/9/2012

 

 

 

 

 



23/09/2012
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