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Poesia de Cássia Fernandes - (Dos dias pressagos de 2004) - Sonho, horóscopo ou mosaico

 

Poesia de Cássia Fernandes - (Dos dias pressagos de 2004) - Sonho, horóscopo ou mosaico

 

 

Saio de casa
porque não me suporto.
 Mas eis quem encontro
ali mesmo
 na porta:
 eu própria,
 sentada o dia todo
 com os olhos astutos
 de um cão de guarda.

 Eu me mostro os dentes.
 Eu rosno.
 Não há ninguém para puxar a coleira.
 Saio em fuga então.
 E o cão me segue,
o cão
 corre na velocidade de um cavalo.
 Dentro, sinto seu galope.
 Eu me machuco
com as próprias patas.
 Sou metamorfose.
 Sou um sagitário.

 Me pisoteio.
 Aponto a flecha para o meu próprio seio.
 E como Rubem Fonseca
 em seu «Vastas emoções
 e pensamentos imperfeitos»,
os sonhos são filmes mal montados.
 Não há continuísta
 ou enredo.

 E Platão teria dito que a vida
 é cópia mal feita da verdade.
 A vida é sonho, digo.
 Corro e me dilacero.
 Vou a Paris, mas me levo na mala.
 E sou enterrada viva nos seus castelos.

 

 

 Leia este tema completo a partir de 17/9/2012

 

 

 

 

 



14/09/2012
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