Poesia de Sylvia Beirute - Morte súbita; Entardecimento; O último poema sobre as palavras
Poesia de Sylvia Beirute - Morte súbita; Entardecimento; O último poema sobre as palavras
Morte súbita
não quero morrer às vezes.
quero morrer em bloco
mas também
não quero que seja entre
o espaço e o tempo
porque entre o espaço
e o tempo
não há um para sempre,
nem nunca houve.
Entardecimento
nada pior do que entardecer
na infância de qualquer pequeno nada.
não soube guardar a criança.
não soube iluminar o silêncio
com palavras anónimas.
é uma espécie de lado inverso
da felicidade (o lado mitológico das
cidades, como diria al berto).
e eu fi-lo.
vivi intensamente e fabriquei coisas
O último poema sobre as palavras
as palavras sabem todas ao mesmo. a esta solidão aberta ao meio
por uma tristeza estética. onde estou? onde influí
na capacidade de reparar o erro? rasguei a página
para ocultar o erro. as palavras servem para provar a outras palavras
que aquelas e estas sabem ao mesmo.
e se na mesma tarde, se na mesma lambida, se debaixo dos mesmos cotovelos.
as palavras influem na minha capacidade de perder as capacidades
que engulo e sinto. o corpo cerca o impossível. a poesia é uma coisa do corpo.
nada mais. tão regional e irregular quanto um estômago, uns seios, um pénis.
Leia este tema completo a partir de 19/3/2012
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