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População e o preço dos alimentos

População e o preço dos alimentos
 
O crescimento da população e da economia mundial tem permitido que as parcelas privilegiadas da população diversifiquem seus padrões de consumo
O aumento do preço do petróleo eleva ainda mais o custo da produção de alimentos
O consumo e a produção econômica mundial tem crescido muito acima do aumento da população. A preços constantes, o PIB mundial era de US$ 10 trilhões, em 1960, para uma população 3 bilhões de habitantes. Isto representava uma renda per capita de US$ 3,3 mil dólares. Em 2010, o PIB mundial era de US$ 70 trilhões, para uma população de quase 7 bilhões de habitantes, representando uma renda per capita de cerca de US$ 10 mil dólares.

Para 2050, estima-se um PIB mundial de US$ 280 trilhões para uma população de 9 bilhões de habitantes, resltando em uma renda per capita de pouco mais de US$ 30 mil dólares. Portanto, em 90 anos, a economia mundial vai crescer 28 vezes, enquanto a população deve crescer 3 vezes, no mesmo período. Evidentemente, a concentração da renda faz com que parcelas minoritárias da população se apropriem de grandes parcelas do PIB, enquanto a maioria da população fica com parcelas menores.
 
Supondo que os 50% mais pobres da população fiquem com apenas 10% do PIB, isto significa que 1,5 bilhão de habitantes, em 1960, detinham US$ 1 trilhão de dólares (667 dólares per capita entre os 50% mais pobres); que 3,5 bilhões de habitantes, em 2010, detinham US$ 7 trilhões (2 mil dólares per capita entre os 50% mais pobres); e que 4,5 bilhões de habitantes, em 2050, teriam 28 trilhões de dólares (6,3 mil dólares per capita entre os 50% mais pobres).

Este exercicio numérico é apenas para mostrar que mesmo considerando um alto grau de concentração de renda, o crescimento da população e da economia implicam em aumento do poder de compra mesmo para os estratos mais baixos da pirâmide de renda da população. Em 2050 teríamos a metade da população de menor renda 3 vezes maior do que em 1960, mas com uma capacidade de compra, em termos reais, quase 10 vezes maior.

Desta forma, o crescimento da população e da economia mundial tem permitido que as parcelas privilegiadas da população diversifiquem seus padrões de consumo e adotem um estilo de vida com muito luxo, riqueza e desperdício. Os 50% mais ricos da população mundial (classes altas e médias) eram 1,5 bilhão de pessoas apropriando US$ 9 trilhões em 1960, passaram para 3,5 bilhões de pessoas e 63 trilhões de dólares, em 2010, e devem passar para 4,5 bilhões de pessoas e US$ 250 trilhões em 2050. Esta metade da parte superior da pirâmide de renda é a grande responsável pela degradação do meio ambiente e do aquecimento global.

Mas também a população de baixa renda tem aumentado o acesso aos bens industriais, mas principalmente, o acesso aos bens de primeira necessidade. A metade mais pobre da população mundial era de 1,5 bilhão de pessoas com renda de US$ 1 trilhão, em 1960, passou para 3,5 bilhões de pessoas com renda de US$ 7 trilhões, em 2010 e deve chegar a 4,5 bilhões de pessoas com renda de US$ 28 trilhões de dólares, em 2050. Portanto, trata-se de uma parcela que é pobre em termos relativos, mas não tanto em termos absolutos.
 
Nas próximas décadas, o poder de compra desta parcela dos 50% mais pobres (mesmo tendo apenas 10% da renda mundial), será maior do que o de toda a população mundial em 1960. Por estas e outras, a esperança de vida ao nascer da população mundial passou de 52 anos, em 1960, para 68 anos, em 2010, e deve chegar a 76 anos, em 2050. Embora haja, hoje em dia, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo que passam fome ou vivem em situação de insegurança alimentar, existem 6 bilhões que consomem cada vez mais produtos da agricultura e da pecuária, pressionando as resevas de terra e água. Por exemplo, o alto crescimento econômico da China e da Índia tem possibilitado que os cerca de 2,5 bilhões de habitantes destes países aumentem o conteúdo nutricional de suas dietas alimentares.

Os países em desenvolvimento (e mais populosos) são os que apresentam maior crescimento econômico hoje em dia. Portanto, a pressão do consumo alimentar sobre os recursos naturais é crescente e evidente. Para aumentar a produção de alimentos muitos países tem recorrido às reservas de água dos aquíferos para sustentar a expansão da agricultura e da pecuária.

A Arábia Saudita, por exemplo, conseguiu quase a auto-suficiência na produção de grãos utilizando os aquíferos fósseis (não renováveis) do país. Acontece que as reservas de água destes aquíferos estão se esgotando. Calcula-se que a partir de 2015 a Arábia Saudita terá que recorrer totalmente ao mercado internacional para o abastecimento alimentar do país.

Também a China e a Índia sofrem com a sobreexploração dos seus recursos hídricos. Para piorar as coisas, o aquecimento global tem aumentado a frequência dos fenômenos climáticos extremos, com o aumento das secas e enchentes, o que prejudica as safras agriculas e a engorda do gado. Neste quadro, não é surpresa o constante aumento do preço dos alimentos no mundo à medida em que a economia dos países mais populosos cresce.

 

Leia este tema completo a partir de 30/05/2011

 

 



28/05/2011
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