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PROSA POETICA DE LUIS DA MOTA FILIPE - RETALHOS DE UMA ALDEIA; MAIS UMA ESQUINA DE RUA

 

PROSA POETICA DE LUIS DA MOTA FILIPE - RETALHOS DE UMA ALDEIA; MAIS UMA ESQUINA DE RUA

 
RETALHOS DE UMA ALDEIA
 
Aqui…
Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com a pureza das gotas de orvalho.
Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que se encontram povoados.
Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores.
O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas fazendas.
Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e ceias.
Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada.
O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de algumas ruas e largos.

 
MAIS UMA ESQUINA DE RUA
 
No palco turvado das madrugadas enganosas, o cenário é avesso à cor da esperança.
Naquela esquina de rua, passos de provocação abafam o medo.
As bonecas trajam vestes enaltecendo os seus contornos, há movimentos ensaiados que adivinham a acção relâmpago.
Os pássaros surgem agrestes num cântico de devaneio, pousando impacientes seus venenos poluidores.
Há vestígios que o líquido mais puro não branqueia nem apaga.
Quando as manhãs surgem sombrias nos corpos exaustos,
lacrimosos rios fluem pelo deserto.
A sede de amar é maior que a vergonha.

Só este desejo,
vai suavizando o seu divórcio da felicidade.

Autor: Luis da Mota Filipe
(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)
In «geoGRAFIA do Silêncio», Ed.Edium Editores, 2010.

 

Leia este tema completo a partir de 30/05/2011

 

 



28/05/2011
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