Prosa (poética) de Sylvia Beirute - UMA CASA EM BEIRUTE (3)
Prosa (poética) de Sylvia Beirute - UMA CASA EM BEIRUTE (3)
é sexta-feira e estou onde deveria estar. na casa da criança. vim como se a minha presença me tivesse sido solicitada, não como se visitasse. é uma diferença fundamental no espírito de quem visita. esta criança manda na casa. a influência da mãe sente-se sobretudo nos objectos. é como se eles segurassem a sua solidão, como se fossem uma operação matemática que não a solucionasse. os objectos não são incorruptíveis. sendo uma espécie de corpo reproduzido por fragmentos, são uma vida reduzida à unidade de medição «força».
estes objectos não têm força. e tanto assim é que, após uma vista geral, constato que a sua maioria quase que não serve para nada, ainda que primitivamente tivessem uma utilidade. servem residualmente para representar a solidão daquela mãe, acentuada pela expressão da criança quando se lhe dirige. na verdade, é como se esta solidão presente pudesse andar para trás, para trás ao acto primeiro que lhe deu origem, ainda que na altura reinasse um total desconhecimento, um conhecimento cujo conteúdo se escondesse atrás de uma colina de alegria, senão de felicidade.
Leia este tema completo a partir de 8/8/2011
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