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Recordar o Raizonline - Trabalhos de números de arquivo - Histórias da vida real. -  Por Martim Afonso Fernandes - Três Crónicas curtas publicadas inicialmente na EDICAO NºXVIII , IIIº NUMERO DE ABRIL DE 2009 - E peixe prá noventa contos; Ninhada de gatos; Comeu muito garrolê e morreu.

E peixe prá noventa contos

Aqui no Brasil, quando falava-se em compras de mercadorias que envolvessem volumes grandes, em número de moedas correntes, no caso o mil réis, depois o cruzeiro, cruzeiro novo e hoje o real, falava-se que tal mercadoria custou 30 contos, oitenta contos e assim por diante.

Algumas pessoas mais idosas e que chegaram a conhecer estas moedas, ainda hoje falam que pagam tantos contos por aquela compra, enfim, alguma aquisição de objetos de alto custo.

Como era de praxe, os padres anunciavam na hora da missa sobre algumas coisas que estariam sendo vendidas e que fossem do interesse do povo. Era época de safra de tainhas, um peixe muito bom, que tem sua pesca a partir da metade do mês de maio e junho.

 Como sempre, a igreja estava lotada e o Virgulino no seu lugar ao lado da pia de água benta. Quando o pároco anunciou que foram pescadas mais de trinta mil tainhas, Virgulino com a voz forte e alta bradou:

-E peixe pra noventa contos.

 Mais uma vez os fiéis e o padre não conseguiram conter o riso. Até nos dias de hoje, quando há peixe de safra para ser vendido, muitos que se lembram dizem:

-E, é peixe pra mais de noventa contos!!!

Leia este tema completo a partir de 25/07/2011