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Recordar o Raizonline - Trabalhos de números de arquivo - MONOLOGO A BORDO - Conto / Crónica de João Furtado

 

 

Recordar o Raizonline - Trabalhos de números de arquivo - MONOLOGO A BORDO - Conto / Crónica de João Furtado

 

Inicialmente publicado na EDIÇAO Nº VIII, 2ª SEMANA, 2º NUMERO DE FEVEREIRO DE 2009 - Veja o Link
 

Mais uma vez a assistente de bordo faz passar o filme totalmente fora de tempo. Os passageiros estão sentados, com cintos bem apertadinhos. Um assistente já havia distribuído o cinto para bebés ao colo. Quando o filme começa e anuncia:

- Senhores passageiros este avião tem quatro portas de emergência todas devidamente assinaladas, duas portas a frente, duas portas sobre as asas……

 

Bem isto serve para nos lembrar que não devíamos viajar de avião, pois estamos sujeitos a morrer. A informação é dada em três línguas, português, francês e inglês. Alguns passageiros não entendem patavinas. Os que apenas falam crioulo, por exemplo. Invejo a sorte deles, pelo menos eles não sabem que estão a beira de um desastre. Sinto um nó no estômago, lembro-me que não sei nadar.

 

Nunca soube nadar, é verdade, se soubesse nunca deixaria de saber, dizem que é como andar de bicicleta, uma vez que se sabe, nunca mais se esquece. Bem sou um passageiro morto, não iria utilizar a porta de emergência, se for para morrer, que morra dentro do avião, sem ter que quebrar uma perna e depois morrer afogado.

 

O avião recebe ordens para iniciar a marcha, prepara para ir até fim de uma das pistas que ira utilizar, no termo técnico, inicia o táxi. Ainda estamos a ver e ouvir as mesmas indicações agora em inglês. Voltamos a ouvir em francês. Já estamos no fim da pista, vamos iniciar a viagem dentro de momentos.

- Agora vamos mostrar como apertar e desapertar o cinto de segurança………

 

Se esperássemos para aprender a apertar e desapertar o cinto, e se, Deus não permita, tivesses algum problema no momento em que o avião fez o táxi, neste momento éramos muitos que estávamos com cabeças, pernas e braços partidos. Graças a Deus, todos estávamos de cintos bem apertadinhos, inclusive os bebés, havíamos recebido um cinto extra.

 

Sabia que iria dormir dentro de momentos, estava cansado. Tive que refazer as malas afrente de todo o mundo. Tinha peso a mais nas malas. Eram presentes. Os emigrantes são um povo de saudades. Sempre que viajo para fora de Cabo-Verde levo muitos quilos de produtos agrícolas e marítimos Cabo-verdianos. Milho, feijão, manga, tamarindos, atum fresco, congelado e em latas. Se a viagem é em sentido contrário, o peso é o mesmo, o produto é que é outro. Pelo menos a nacionalidade do produto, pois que já cheguei de levar encomenda de mangas de Cabo Verde e trazer de volta mangas do Brasil. A senhora minha prima deu-me as mangas para dar a mãe dela, coitada a mãe devia provar as mangas de cá, para ver as diferenças, só que as mangas eram brasileiras e não francesas.

 

Leia este tema completo a partir de 27/06/2011

 

 



23/06/2011
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