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Texto sobre Florbela Espanca - Parte XIII - FLORBELA E O FEMININO - Por Daniel Teixeira

 

Texto sobre Florbela Espanca - Parte XIII - FLORBELA E O FEMININO - Por Daniel Teixeira

 

Temos ido defendendo ao longo do nosso conjunto de textos, por razões que são não só de convicção mas também perfeitamente prováveis, que a existência de uma separação feminina na escrita de Florbela Espanca é, quanto a nós abusiva. Não só o dizemos porque temos fundamentos para aceitar a não existência de uma literatura feminina, mas também o dizemos porque acreditamos piamente que o epíteto de «escrita feminina» é apenas um eufemismo para continuar a subvalorizar o «ser» feminino escritor / poeta.

 

Longe de nossa ideia supor sequer que tal convenção exista de outra forma que não a inconsciente ou histórico – cultural na grande parte dos casos. Uma outra observação que devemos fazer é que o tema feminino não se esgota, nem como assunto nem como trabalho nosso nestas páginas. Em bom rigor apenas tocámos numa percentagem ínfima dos textos que tínhamos colocado de lado para este trabalho, textos de nossa escolha esses que não são também senão uma percentagem seguramente ínfima de tudo aquilo que se possa dizer sobre esta questão.

 

Se formos ver, no caso concreto de Florbela Espanca, o caminho que a retirou do anonimato, veremos que, quer através de Jorge de Sena, quer através de José Régio, quer através do pré – anunciado Américo Durão com o termo Soror Saudade – quer através de outros autores que iremos referir, se valer a pena, ao longo do texto – veremos, repetimos, que foi o facto de ser mulher e de ter uma escrita inscrivível no termo feminino que a trouxe aos poucos olhos da ribalta que lhe têm estado reservados.

 

Ainda hoje, as próprias teóricas da literatura que se têm debruçado sobre Florbela Espanca, fazem realçar este aspecto e fazem, inclusivamente dele, uma forma de superação feminista sobre o masculino extremamente interessante para questões de análise psicológica. Ora, o feminismo, nos seus alvores, foi essencialmente uma masculinização da mulher e não uma afirmação da sua identidade.

 

Uma das primeiras obras que trata das iniciativas das mulheres, a peça Lisístrata de Aristófanes (Sec. V A.C.), para além de ser uma comédia de dúbia interpretação quanto aos seus objectivos (a guerra, principal objectivo das grevistas femininas, não acaba, em rigor, apenas resulta numa união entre as partes antes em guerra para outras guerras contra outros inimigos agora comuns) trata, na sua base, de uma greve sexual a praticar por mulheres Atenienses e mulheres Espartanas, com o condimento destas deverem arranjar-se ainda melhor em termos sensuais e espevitarem sexualmente os seus esposos.

 

Aristófanes faz várias referências ao desnorte dos homens neste plano numa sociedade em que as referências escritas à sexualidade não são abundantes e numa sociedade onde os homens viam as «obrigações» conjugais como isso mesmo: uma obrigação e onde a homossexualidade era mais regra que excepção; mas deixemos estes pormenores colaterais…

 

Leia este tema completo a partir de 25/07/2011

 

 



20/07/2011
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