Tonhão, o bígamo - Por José Pedreira da Cruz
Tonhão, o bígamo - Por José Pedreira da Cruz
Alguém me disse um dia que, devido a sua autoritária postura, o Tonhão era o sujeito mais detestado por todos os operários da obra, porém, o mais pacato dentro do alojamento e o mais admirado na hora do bate-papo-furado.
Onde quer que o Tonhão estivesse logo ele contava uma piada; uma prosa, e uma pequena platéia formada por mestres-de-obras, pedreiros e serventes se formava em sua volta para ouvi-lo e tirar proveitosas gargalhadas. Parecia mais um circo do que propriamente um canteiro de obra, e o Tonhão, que em certo momento era considerado um sujeito birrento, mandão, enfezado e até mesmo odiado, repentinamente se transbordava de irreverência e passava a ser um verdadeiro maestro da alegria e do bom humor, e a todos divertia com seus causos cheios de alegria.
Entre uma estória e outra ele terminava por se perder no roteiro e se adentrava em sua vida pessoal e, foi numa dessas façanhas, bem na hora de um descanso de almoço, que Tonhão contou para seus assistentes o seguinte episódio: que havia trabalhado numa fábrica bem perto de sua casa e que jamais desconfiara de ter sido espionado por sua própria esposa Izabel, a Bel, como assim a chamava.
Disse que era vigiado por ela todo dia, bem na hora da saída do trabalho.
– Ou mulé ruim da mulestra e ciumenta que só o cão! – disse ele, acrescentando: certa vez eu convidei uma colega de trabalho - uma galeguinha, que não tirava os olhos de mim -, para tomarmos um guaraná no fim do expediente e a danada topou! Era ela uma bonequinha de dezoito aninhos de idade, um lindo chuchuzinho; um anjinho; uma belezura de gata; uma flor desabrochando perfumada, e eu, com mais de quarenta anos, já viu, né? O combinado era só para tomarmos um guaraná e nada mais! – aquela velha história esfarrapada, sabe?
Leia este tema completo a partir de 14/5/2012
Inscrivez-vous au blog
Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour
Rejoignez les 17 autres membres