Um conto de José Maria Oliveira - A Flor Cinzenta
Um conto de José Maria Oliveira - A Flor Cinzenta
O pequeno insecto voou mais uma vez; e no seu doce deambular ia colando nas patinhas reluzentes o pólen das mil folhas coloridas que encontrava na sua peregrinação.
De quando em vez quedava-se e saboreava docemente um pouco daquele pó dourado que só as flores mais coloridas têm. Para ele, no fundo, eram esses grãozinhos minúsculos a sua riqueza, os seus bens...
Por vezes rumava ao Sol para, deliciado, retemperar o calor a fim de evitar que o néctar das flores, que transportava, solidificasse demais; outras vezes, quando o calor abrasava, temia que tudo se derretesse e mergulhava, por instantes, numa pequena gota de orvalho perdida algures numa folha esquecida nas sombras do caminho...
E assim foi, que um belo dia, quando enlouquecido pela fragrância das flores do seu prado reparou numa linda flor cinzenta que nunca tinha visto. Embevecido e trémulo aproximou-se e apercebeu-se que aquela flor não tinha néctar, estava sequinha e triste semi – enrolada na sua solidão.
Então, docemente, com as patinhas fervendo de amor depositou um pouco de cada grãozinho de néctar que transportava no seu bornal...
Atrás do pólen ia também ficando o colorido das muitas flores que visitara em tempos e a pequenina flor cinzenta foi-se matizando de miríades de cores transformando-se na mais bonita flor daquele lugar.
Leia este tema completo a partir de 4/6/2012
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