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Uma Portuguesa em Inglaterra - Crónica de Virgínia Teixeira

 

Uma Portuguesa em Inglaterra - Crónica de Virgínia Teixeira

 
 
Viver fora do nosso próprio país é sempre difícil, mesmo quando sabemos que não há lugar para nós no país de origem e que, se queremos ter dinheiro para viver, temos de procurar outro poiso.

Mesmo quando sabemos que lá fora está algo melhor, e nos aguarda uma vida mais próspera e um possível futuro profissional, sair da nossa «casa» dói. E o povo português, que vive movido a saudade, sente esta dor ainda mais profunda no peito, tanto dos que ficam quanto dos que partem.

 

Não é fácil empacotar tudo o que nos pertence, vender e doar o que podemos dispensar, e saber que as nossas coisas vão ficar à espera de melhores dias, quando as podermos resgatar e tentar fazer sentido do nosso mundo novamente. Isto porque, na maioria dos casos (no meu pelo menos) é o limite dos 20 kg de bagagem da companhia aérea que determina o que levamos e o que deixamos para trás.

 

E depois há outras «coisas» que nunca nos deixam levar: o sorriso de uma sobrinha, o abraço de um pai, as conversas com um avô, o amor de um cão, a alegria de sentir a água salgada a refrescar-nos os pés, os horizontes do nosso Portugal, as tardes passadas nas esplanadas com uma imperial gelada, a baixa lisboeta decorada para o Natal, a segurança de sabermos onde ir em quase todas as ocasiões, o conforto de conhecer as ruas da nossa terra e os caminhos escusos, e os sonhos que tivemos. Esses não têm espaço no avião, e temos de os deixar para trás, com a alma pesada já de saudade.

 

Mas acreditamos que vamos para um sítio melhor e vamos encontrar um futuro profissional que nos preencha e as condições económicas para sonharmos com uma casa bonita em Portugal para a nossa reforma (e faltam tantos anos ainda…), e por isso seguimos viagem, empurrados «gentilmente» pelo Governo a cortar benefícios e as taxas de desemprego a subir.

 

Subimos para o avião em solo português e aterramos para nos espalharmos pelo Mundo, e fazer jus à piada de que há um português em todo o lado (e acreditem que há).

 

Eu aterrei em Inglaterra, onde o que encontrei me espantou, fez chorar e rir, fez-me aprender e criticar, e ter de pensar com dois pontos de vista: o com o qual fui criada e aquele a que tive de me habituar aqui. Tudo é tão diferente do que imaginei que muitas vezes me senti enganada. Afinal de contas a Inglaterra faz parte da União Europeia e na minha visão eurocêntrica teria de ser moderadamente parecida aos outros países da EU, como Portugal, e por isso esperava padrões de qualidade alimentar e habitacional similares, leis e regras de funcionamento que me fizessem sentido, e muito mais.

 

Leia este tema completo a partir de 9/7/2012

 



06/07/2012
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