Vou-me embora para Pasárgada - Por Afonso Santana
Vou-me embora para Pasárgada - Por Afonso Santana
Partir para quê? Partir para onde? Deixar um lugar ou um tipo de vida é uma ambição raramente concretizada mas está muitas vezes presente no pensamento das pessoas.
Ir embora é sempre uma fuga...uma retirada que pode ser estratégica, um partir para lamber as feridas, uma recusa da luta, a assunção de que não vale a pena lutar ou que é mais fiável ou certo ganhar-se «indo embora» do que continuar a lutar naquele campo.
Mas interessa também saber se o campo merece a luta, por muito envolvente que ele seja, ao ponto de não nos deixar alternativa senão «ir embora» .
Há campos que não merecem que lutemos dentro deles ou por eles. Ir embora...ir embora, há quase sempre quem queira sair de um dado lugar ou de uma dada situação.
Importante é saber-se quando dada coisa ou situação justifica, importante é saber-se quando essa coisa ou situação merece a honra de nos fazer ir embora ou quando é uma honra para nós «irmos embora»..
Franz Kafka tem um interessante trecho que apresento em seguida e que será objecto de um pequeno comentário:
A Partida
«Dei ordem para irem buscar o meu cavalo ao estábulo. O criado não me compreendeu. Fui eu mesmo ao estábulo, ensilhei o cavalo e montei. Ao longe ouvi o som de uma trombeta, perguntei o que significava aquilo. Ele de nada sabia, não ouvira nada.
No portão deteve-me, para me perguntar:
- Para onde cavalga o senhor?
- Não o sei - respondi -. Apenas quero ir-me daqui, somente ir-me daqui. Partir sempre, sair daqui, apenas assim posso alcançar minha meta.
Leia este tema completo a partir de 2/4/2012
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